segunda-feira, 23 de abril de 2012

A Torre de Babel das Américas



A bela cidade de Cartagena, na Colômbia, fortemente impregnada pela influência da arquitetura colonial espanhola de Felipe II, foi palco de um evento patrocinado pela OEA – a VI Cúpula das Américas, que reuniu 31 chefes de Estado entre os dias 14 e 15 de abril de 2012.

Brilharam pela ausência, além de Hugo Chávez, em tratamento de câncer no “paraíso” cubano, seus colegas ideológicos Rafael Correa, do Equador, e Daniel Ortega, da Nicarágua, estes dois últimos em solidariedade com Cuba, que não tem assento no evento.

Quem queira encontrar uma metáfora para exprimir o que se passou em Cartagena, cujo lema era “Conectando as Américas: Sócios para a prosperidade”, nada mais adequado que a da Torre de Babel, pois só houve desencontros.

Na foto final da IV Cúpula das Américas, realizada em 2005, todos usavam paletó e gravata, e na V (2009), as únicas exceções foram Hugo Chávez, Evo Morales e Daniel Ortega

Pequeno detalhe. Se houver uma próxima Cúpula “para a prosperidade” – o que não é certo –, não se sabe sequer como estarão vestidos os homens. Pois se na foto final da IV, realizada em 2005, todos usavam paletó e gravata, e na V (2009), as únicas exceções foram Hugo Chávez, Evo Morales e Daniel Ortega, na de 2012 apenas sete presidentes usavam paletó e gravata, enquanto o dobro estava simplesmente de camisa.

Ainda neste sentido, a VI Cúpula iniciou-se com uma partida de futebol. Não se sabe se houve paralelamente uma de vôlei para as mulheres ou se estas resolveram engrossar os times dos homens, pois hoje em dia tudo é possível. Mas a Cúpula propriamente dita – para a qual deveria pelo menos ter sido recomendado aos chefes de Estado um traje condigno – foi inaugurada pelo socialista chileno José Manuel Insulza, secretário-geral da OEA, seguida da execução do hino nacional do país anfitrião por uma cantora popular colombiana.

Quanto aos principais temas debatidos, não houve consenso, pois apesar de serem 31 os países representados, prevaleceu a opinião daquele que muitos teimam em dizer que estaria a ponto de ser superado pelo Brics: os EUA. Assim, ao se exigir do esquerdista Obama em ano eleitoral a inclusão de Cuba na próxima Cúpula, a legalização das drogas, e ainda o reconhecimento de que as Malvinas pertencem à Argentina, a resposta foi um peremptório não. E tudo “ficou como dantes no quartel de Abrantes”.

A presidente Cristina Kirchner voltou para a Argentina antes da hora, apressada talvez em assinar o decreto de desapropriação da empresa petrolífera espanhola Repsol, ampliando assim a briga que já mantém com a Inglaterra a propósito das Malvinas e atraindo a antipatia, não só desses dois países, mas de todo o bloco da União Europeia. Também sem explicar o motivo, a presidente Dilma cancelou a reunião que tinha marcada com o presidente colombiano Juan Manuel Santos.

A VI Cúpula terminou sem uma declaração conjunta e com a possibilidade de não ter sequência, pois a presença de Cuba (sócia pouco crível para a prosperidade) foi condição sine qua non posta pela maioria dos chefes de Estado para haver outras. O evento foi ainda obscurecido pelo escândalo perpetrado por membros da equipe de segurança do presidente Obama, que apesar de não estarem em Brasília, ignoravam que também lá havia caseiro.

segunda-feira, 9 de abril de 2012

FARC e MST

Os leitores medianamente informados devem se lembrar que o ex-presidente colombiano Álvaro Uribe, que combateu rijamente as FARC, havia pedido aos demais países que as considerassem como um grupo terrorista. O governo Lula, amigo de regimes terroristas como os de Cuba, Irã e Líbia, se negou a fazê-lo.

Algo semelhante ocorre agora na comissão encarregada da reforma do Código Penal brasileiro. Ao prever os crimes de terrorismo, ela eximiu cuidadosamente o MST, cujas práticas contrárias às leis e à Constituição não configuram outra coisa. Mas como lhe afixaram malandramente a etiqueta de “movimento social”, esta prevalece para acobertar os seus atos criminosos.

MST destrói fazenda no Pará
MST destrói fazenda no Pará.
Por outro lado, é preciso ser míope para não ver as analogias existentes entre as FARC e o MST, movimentos que inclusive já estiveram lado a lado no Fórum Social de Porto Alegre e cujo objetivo comum é derrubar a atual ordem sócio-econômica dos respectivos países onde atuam para substituí-la pelo socialismo marxista.

E curiosa contradição de governos que se dizem contrários à ditadura e desejosos de consolidar a democracia, mas que favorecem ao mesmo tempo movimentos criminosos que atuam para nos conduzir – e ao Continente – à pior de todas as ditaduras.

segunda-feira, 2 de abril de 2012

De Henrique IV a Raul Castro

Na esteira dos acontecimentos relacionados com a recente visita de Bento XVI a Cuba, a imprensa noticiou que em atendimento a um pedido do Sumo Pontífice, o regime comunista e ateu de Cuba decidiu decretar que a próxima Sexta-Feira Santa será feriado na ilha-prisão.

Para quem conhece a índole do regime comunista, negador de todos os Mandamentos do Decálogo e da Lei Natural, essa concessão do tirano Raul Castro nos remete ao fato histórico sucedido em 25 de julho de 1593, quando o rei calvinista Henrique IV, para fazer-se aceitar pelos católicos franceses, teria se “convertido” por segunda vez ao catolicismo,
afirmando: “Paris vale bem uma Missa”.

Em fidelidade não só às raízes igualitárias herdadas do protestantismo, mas também às táticas que os fautores do erro costumam usar ao longo da História para conseguirem prevalecer, Raul Castro bem poderia agora dizer: “Cuba vale bem uma Sexta-Feira Santa”.

E enquanto nesta nossa “civilização da imagem” as palavras que Bento XVI pronunciou sobre Cuba tenderão a cair no olvido, o mesmo não sucederá com as suas vistosas fotografias com Raul e Fidel Castro, as quais, negadas aos dissidentes, que queriam posar ao lado do Sumo Pontífice, continuarão sendo exploradas largamente pela propaganda comunista para impressionar em seu favor o infinito número de estultos que imaginam que a essência do comunismo mudou ou pode algum dia mudar.