quarta-feira, 3 de setembro de 2008

O putsch de Putin

A despótica e boçal invasão da pequena Geórgia pela Rússia, seguida da declaração de independência da Ossétia do Sul e da Abejácia, abalaram profundamente a política internacional.

Foi uma vitória política da Rússia, dado o importante papel estratégico da Geórgia no Cáucaso. Além de aliada dos Estados Unidos e da Europa e potencial candidata a integrar as forças da NATO, seu território é atravessado por dutos de gás e de petróleo ligando o Azerbaijão à Turquia, atenuando nesse particular a dependência da Europa com relação à Rússia.

Putin, para quem a maior tragédia geopolítica do século XX foi o desmoronamento da União Soviética, começou assim a sua reconstrução pela invasão da Geórgia. E soube medir bem a ocasião. Pois dificilmente o governo norte-americano, às vésperas de uma eleição tão crucial como a de novembro próximo, estaria disposto a intervir militarmente em defesa de sua aliada. Tanto mais que ele já está empenhado em duas campanhas militares: no Iraque e no Afeganistão.

Além dos Estados Unidos, o ditador do Kremlin, com seu olhar viperino e sorriso sardônico, também sabia que a Europa não reagiria, porquanto ele a tem amarrada pelo pescoço com uma corda de aço – que a própria Europa comprou e colocou em suas mãos, cumprindo assim as palavras de Lenine de que “os burgueses comprarão a corda com a qual serão enforcados” – e que é o gasoduto da Gazprom, através do qual lhe chegam o gás e o petróleo russos.

Da boa vontade de Putin depende, pois, a sobrevivência da Europa. A qual, por sua vez, dependerá da “boa vontade” que os europeus demonstrem em relação aos desígnios do Kremlin. Se o “general inverno” derrotou Napoleão na Rússia, esse mesmo temido “general” poderá derrotar a Europa inteira, se a Rússia decidir, por exemplo, fechar o fornecimento de gás durante o inverno.

* * *

Cumpre não exagerar o alcance da vitória do ponto de vista militar. Pois isto depende da ocasião, da estratégia, da qualidade e quantidade dos armamentos e de soldados, bem como do porte e do grau de resistência do adversário.

Do modo como a Rússia submeteu a Geórgia, vitorioso também seria um paralítico que depois de mais de 20 anos dá seu primeiro passo. Mas daí a concluir que ele está em condições de competir nas Olimpíadas é ir longe demais. Entretanto é como a Rússia foi apresentada nesse episódio: a ganhadora de todas as “medalhas de ouro” que os títeres de Pequim tanto gostariam de lhe outorgar a propósito da “olimpíada georgiana”.

De mais a mais, para fazer sua rentrée no cenário internacional, depois de tantos fracassos, a Rússia agiu à maneira das fêmeas de certos animais: instruem seus filhotes a caçar só pequenas presas. Derrotar uma diminuta e insuficientemente militarizada Geórgia, logo ali ao seu lado, só pode ser considerado militarmente grande para quem havia sido sovado, no fastígio de seu poder, por um pequeno país – a Finlândia – que pôs para correr as “poderosas” tropas da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas

A Rússia de Putin está como um leproso saído do fundo do bueiro malcheiroso em que a relegaram sete décadas de socialismo. Desse mesmo socialismo utópico e malsão que a quase totalidade dos nossos atuais governantes sul-americanos de boina, de terno, de saia ou de sandália (é a última modalidade) estão apresentando, na contramão da História – e das respectivas opiniões públicas, cumpre frisar! – como novidade para o século XXI.

Quem sai de um bueiro retrata necessariamente o ambiente nele reinante: esta foi a impressão causada pelas “tropas de elite” e pela “tecnologia de ponta” russas sobre quem observou os diversos filmes mostrando suas forças atuando na Geórgia: soldados quase maltrapilhos criticando os próprios superiores militares que os enviaram sem o devido preparo, bem como equipamentos um tanto desconjuntados. Além de tais soldados, os contingentes russos eram acrescidos de aventureiros paramilitares sem qualquer compostura, que nada respeitavam, matando, saqueando, violando e queimando a seu bel prazer.

A má qualidade dos equipamentos russos e o fraco desempenho de suas tropas foram criticados sem peias pelo jornalista Simon Saradzhyan nas páginas de “The Moscou Times” (16-08/08), ao afirmar que elas estão sucateadas, e seus soldados mal treinados. Se, portanto, o apresentado pela Rússia na Geórgia for de fato uma amostra, e não uma dissimulação para ocultar alguma surpresa, suas Forças Armadas padecem de um grande atraso. Pelo menos no tocante aos armamentos convencionais.

Por sua vez, se os inexperientes dirigentes georgianos estivessem compenetrados de sua importância estratégica, teriam agido diferentemente. Não intervir na Ossétia do Sul, oferecendo de bandeja à Rússia o pretexto que ela tanto desejava.

Com efeito, nem tudo aquilo a que se tem direito pode ser factível. Cumpre examinar as circunstâncias, os riscos, os prós e os contras, ponderar bem cada ação. Se alguém, por exemplo, for credor de um indivíduo que além de mais forte tem passado criminoso, pensará duas vezes no modus operandi para reaver o seu dinheiro. Poderá decidir até em perdê-lo, como mal menor. Esse criminoso mais forte era a Rússia, e o seu credor, a Geórgia.

Segundo declarou o subchefe do Estado Maior das Forças Armadas da Rússia, general Anatoly Nogovitsyn, a Geórgia pode simplesmente esquecer-se da idéia de retomar o controle das duas províncias secessionistas – Ossétia do Sul e Abjazia. As tropas russas – apesar de um tratado de paz prevendo a sua retirada ter sido assinado – permanecem na Geórgia e destruíram praticamente toda a sua infra-estrutura.

Enquanto isso acontecia, os Estados Unidos assinavam no dia 14 de agosto um acordo com a Polônia, para a instalação de um escudo antimíssil ao norte daquele país. O Kremlin reagiu indignado ante o desplante daquele satélite que saíra de sua órbita, tendo o mesmo general Nogovitsyn declarado que isso era inadmissível, podendo dar lugar a uma represália nuclear contra a Polônia.

Por seu turno, a Ucrânia, de um lado, e os países bálticos – Lituânia, Estônia e Letônia –, de outro, também ex-satélites da União Soviética, hipotecaram decidida e total solidariedade ao governo e ao povo da Geórgia, advertindo de que serão os próximos alvos da Rússia caso o Ocidente não reaja agora à altura.

Tudo se deve fazer para evitar o mal. Mas quando, apesar de tudo, este se apresenta, deve-se procurar tirar dele um bem. Assim, apesar da enorme apatia – para dizer pouco – com que muitos europeus assistem ao desenrolar dos acontecimentos políticos e sociais no Velho Mundo, permitindo, entre outras coisas, que a soberania de seus países venha a ser posta em xeque – não só por pela própria Europa Unida, mas também pela Rússia –, felizmente tem havido, em amplos setores, um sobressalto em decorrência do sucedido na Geórgia. Parece que tais setores, sobretudo na Alemanha, estão abrindo os olhos para essa realidade – a respeito da qual felizmente nunca duvidamos – qual seja a da falácia da morte do comunismo.

Não permita a Divina Providência que, para escapar da fatídica “corda” colocada no seu pescoço, a própria Europa não venha a obter as benesses do Kremlin através da constituição da União Européia segundo os moldes do Tratado de Lisboa em boa hora rejeitado pelos simpáticos irlandeses. Seria uma verdadeira União das Repúblicas Soviéticas da Europa – como muitos a vêm denominando – sob o tacão de uma ditadura burocrática, imoral e atéia, comandada desde Bruxelas e sem nenhum nexo com o seu passado cristão.

terça-feira, 12 de agosto de 2008

Perseguição religiosa e sacrilégios no Equador

Inconformados com o fato de a Conferência Episcopal vir advertindo os fiéis contra a nova Constituição, recentemente votada pelos socialistas, militantes do partido governista Alianza País vêm sendo acusados de perpetrar ultimamente terríveis sacrilégios em templos católicos do Equador.

Eles temem que a Constituição, a qual estabelece o aborto e o “casamento” homossexual, subtrai dos pais o direito sobre a educação dos filhos e concede poderes ilimitados ao Presidente da República – entre outras coisas –, seja rejeitada pela opinião pública no referendo marcado para o próximo 28 de setembro.

“A Sagrada Eucaristia, o tesouro mais precioso de todo católico, foi profanada em três ocasiões nas últimas semanas”, declarou Francisco Soyos, porta-voz da Arquidiocese de Guayaquil. E acrescentou: “Não se pode pensar que se trata de fatos isolados e sem importância. Estamos diante de um ato igual ao que sofreu Nosso Senhor em Sua Paixão e Crucifixão. Em Guayaquil, estamos flagelando novamente Nosso Senhor, que tal como um silencioso Cordeiro, recebeu todas essas ofensas.”

A primeira profanação ocorreu na Paróquia da Santíssima Trindade, em Nobol, quando foi roubada uma hóstia que estava exposta à adoração dos fiéis.

A segunda se deu no dia 31 de julho, na Capela do Menino Jesus de Praga, pertencente à Paróquia de Nossa Senhora de Loreto: os profanadores retiraram as Sagradas Espécies do cibório, espalharam-Nas pelo chão, cuspiram-Lhes e depois As pisotearam.

Um sacrilégio análogo foi perpetrado depois, na noite de domingo, 3 de agosto, na Igreja da Santa Ceia, cujo cibório foi retirado do Sacrário, e as hóstias atiradas ao chão e pisoteadas.

Em reparação por esses terríveis sacrilégios, próprios a atraírem a cólera divina, a Arquidiocese de Guayaquil mandou celebrar no domingo, 10 de agosto, uma Missa de desagravo na Catedral, bem como emitiu uma nota na qual afirma: “Quando ocorre um sacrilégio, especialmente no tocante às Sagradas Espécies eucarísticas, toda a Igreja é chamada a rezar junto, em reparação pela ofensa cometida contra Nosso Senhor Jesus Cristo, que está vivo e presente nessas hóstias”.

É o que informa a agência norte-americana Life Style News, citando a Agência Católica de Imprensa ACI, segundo a qual o Arcebispo de Guayaquil e Presidente da Conferência Episcopal, D. Antonio Arregui, vem recebendo ameaças de morte depois que, no estrito cumprimento de sua missão apostólica, fez críticas à referida Constituição. Ameaças análogas vêm sendo dirigidas também ao Sr. Amparo Medina, por sua oposição ao aborto. Por sua vez, a organização de extrema esquerda Impunidad Jamás, moveu um processo contra o Arcebispo.

O próprio Presidente da República, o socialista Rafael Correa, amigo de Chávez, de Lula e de Morales, vociferou mais de uma vez contra os dignitários eclesiásticos e a Igreja Católica, por sua oposição à nova Constituição, acusando-os equivocadamente de ingerência nos assuntos do Estado.

Nisso ele imita o seu antepassado, o ex-presidente José Eloy Alfaro (1842-1912), um socialista e perseguidor da Igreja, que tentou entrar numa igreja montado a cavalo. A população enfurecida o apeou, esquartejou, arrastou pelas ruas de Quito e depois incinerou.

Importa por fim recordar que partidários de Hugo Chávez também já praticaram na Venezuela diversos sacrilégios. Ele mesmo chegou a mandar retirar da entrada de um importante hospital de Maracaibo, uma imagem da Padroeira, Nossa Senhora de Coromoto, para substituí-la por uma do Che Guevara. Houve muita reação e ele foi obrigado a voltar atrás. O que mostra mais uma vez como, à medida que se implanta, o socialismo desfecha necessariamente na perseguição ao Catolicismo.

quinta-feira, 22 de maio de 2008

O facão e o pequi

Foi manchete nacional o acontecido em Altamira com o engenheiro Paulo Fernando Rezende, da Eletrobrás, quando por pouco não morreu, vitimado por um profundo golpe de facão brandido por um índio, pelo simples fato de expor, durante uma conferência, seu ponto de vista favorável à construção de uma hidrelétrica.

Contra esse clamoroso atentado, praticado contra um brasileiro no exercício de suas atividades profissionais, não se levantaram os defensores dos direitos humanos. Os mesmos que se indignam quando a Justiça profere uma sentença inocentando o pretenso assassino de uma freira norte-americana de esquerda, ou quando algum sem-terra invasor é ferido ao entrar criminosamente em propriedade alheia. Isto revela o grau de “conscientização” e manipulação a que as populações indígenas estão sendo levadas por obra de elementos do clero esquerdista partidário da Teologia da Libertação e de ONGs nacionais e internacionais obedientes à mesma orientação.

Para tais setores, pouco importa se uma enorme parcela da população brasileira fique privada de energia elétrica. O que não se pode é “profanar” os “santuários” da biodiversidade e os “nichos” de seus “santos”, os índios. Estes infelizes não passam de meros instrumentos nas mãos de teólogos e antropólogos ateus e de ativistas do mesmo naipe, que querem mantê-los para fins escusos no estado de barbárie e de superstição em que vivem, ao invés de procurar fazer em benefício deles o que quis e fez o Apóstolo do Brasil, o Venerável Anchieta: catequizá-los e civilizá-los.

O mesmo estado de espírito visando impedir a construção da hidroelétrica no Norte preside também, infelizmente, a decisão do Ibama em Sete Lagoas (MG) no sentido de impedir, contra o sentimento geral da população, a construção de uma indústria de cerveja pela Ambev, a qual daria emprego direto para 800 pessoas numa cidade onde é alta a taxa de desemprego. A alegação do Ibama é de que no terreno existem 400 pés de pequis, que não podem ser cortados. Ora, além de a árvore ser muito comum na região, a Ambev se propôs a plantar uma quantidade muitíssimo maior em outro lugar a ser indicado. Mas o Ibama mantém a interdição.

Como fica, em pleno século XXI, a propalada “libertas quae sera tamen”? Será que para as pessoas e entidades adeptas da ecologia radical, o bem-estar e a liberdade das coletividades devem ser sacrificados em aras de uma natureza “deificada”, que não sirva o homem mas o subjugue?

Grave ameaça paira sobre o Brasil

Em lúcida matéria publicada em 20 de maio de 2008 na “Tribuna da Imprensa” e reproduzida pelo boletim AEPET, o jornalista Sebastião Nery aponta para as graves conseqüências que podem advir para a soberania e integridade territorial do Brasil em razão da demarcação em terras contínuas das reservas indígenas dos Ionamânis e, mais recentemente, da Raposa Serra do Sol, cuja decisão está nas mãos do STF.

Se o direito a possuir armas – comentamos – não pode ser negado ao indivíduo honesto para a defesa da sua vida, da sua família e da sua propriedade, tendo sido por isso objeto de um plebiscito, com muito mais razão os brasileiros de norte a sul do País têm o direito – e até o dever – de exigir o mesmo quando está em jogo algo muitíssimo mais transcendente, como é a soberania nacional.

– Concordam os brasileiros com a destinação dada às referidas áreas, quando pende sobre elas o risco de virem a ser declaradas independentes do Brasil?
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Não há índio ianomâmi

Sebastião Nery

Em abril de 91, o príncipe Charles, da Inglaterra, aquele que trocou a deusa Diana pela bruxa Camila, promoveu, a bordo do iate real inglês Brittania, ancorado no rio Amazonas, um seminário de dois dias.

Estavam lá David Triper, ministro do Meio Ambiente da Inglaterra, William Reilly, diretor da Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos, Carlo Ripa di Meana, coordenador do Meio Ambiente da Comunidade Européia, Robert Horton, presidente da Britsh Petroleum, e o ministro brasileiro José Lutzenberger, do Meio Ambiente (governo Collor).

No dia 15 de novembro de 91, o ministro da Justiça, Jarbas Passarinho, assinou a portaria 580, criando a Reserva Indígena dos Ianomâmis: uma área contínua de 91 mil quilômetros quadrados, na fronteira de Roraima e do Amazonas com a Venezuela.

Príncipe Charles
No começo de 2000, quando a população de Roraima se insurgiu contra a criação, em área continua, da Reserva Indígena Raposa-Serra do Sol, o príncipe Charles, aquele que trocou a divina Diana pelo fantasma Camila, visitou a Guiana, onde participou da inauguração da `reserva ambiental` de Iwokrama, com 400 mil hectares, na região do rio Rupunini.

O secretario do Ministério de Relações Exteriores inglês, Paulo Taylor, e o secretário da embaixada britânica no Brasil, John Pearson, estiveram em Roraima `para conhecer de perto a realidade indígena`.

Em 15 de abril último, o governo Lula assinou a criação, em terras contínuas, da Reserva Indígena Raposa-Serra do Sol: 1,75 milhão de hectares, cuja constitucionalidade o Supremo Tribunal está julgando.

Agora, o mesmo Charles, o príncipe cego, convidou governadores e parlamentares da Amazônia para uma `segunda rodada sobre a Amazônia` em Londres. O que eles querem? Fincar uma estaca inglesa na Amazônia.

Curt Nimuendajú
Do embaixador Adriano Benayon, recebo estudo sobre a gula externa pela Amazônia, com uma pesquisa do professor Mario Drumond:

1 - `Consultei o `Mapa Etno-Histórico de Curt Nimuendajú` (IBGE/MEC - edição de 1981), considerado exaustivo como estudo científico das tribos, etnias, migrações e populações índigenas no Brasil, e verifico que não se registra nele nenhuma tribo chamada `ianomami`, nem com I nem com Y, e nem com qualquer tipo de semelhança nominal ou ortográfica. Significa, portanto, que não existe e nunca existiu tal tribo`.

2 - `Os estudos e pesquisas do naturalista e etnólogo alemão Curt Unkel (que adotou o nome indígena de Curt Nimuendajú), realizados no Brasil ao longo de 40 anos (1905 e 1945) de ininterruptos trabalhos de campo, relacionam nominalmente, mapeiam (inclusive as migrações e perambulações) e comprovam cientificamente a existência de mais de 1.400 tribos indígenas de diferentes etnias em todo o território brasileiro, com enfase na Amazônia e países fronteiriços a oeste e norte do Brasil. É considerado o mais importante e minucioso estudo jamais realizado em qualquer parte do mundo sobre as populações indígenas amazônicas`.

A farsa
3 - `A `nação indígena inomami` é uma patifaria, uma ficção histórico-indígena que vem se criando e desenrolando em conivência com interesses apátridas e antinacionais. Não existem índios inanomamis. Os que estão na `reserva` foram levados por ONGs controladas e financiadas por entidades estrangeiras, com a ajuda da FunaiI, a partir dos anos 70`.

4 - `Tudo isso está documentado no livro `A farsa ianomâmi`, do coronel Carlos Alberto Menna Barreto, em trabalhos do coronel Gelio Fregapani e em artigo do almirante Gama e Silva: `Ianomâmi? Quem?``.

A ameaça
Para que a perda de nossos territórios se torne também `de direito`, basta que nações mandem os índios, que já controlam através de ONGs, entidades religiosas, etc., proclamarem-se `cidadãos de países independentes` atraves da `independência` de países inventados, apoiados externamente.

Fantasia? Leiam a `Declaração dos Direitos dos Povos Indígenas`, aprovada dias atrás pela ONU, inclusive com o voto do Brasil. É da maior gravidade, sobretudo se o Congresso aprovar e incorporar à Constituição, conforme o art. 5º, parágrafo 3º, da emenda nº 45, de 2004:

`Os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos, que forem aprovados, em cada casa do Congresso, em dois turnos, por 3/5 dos votos, serão equivalentes às emendas constitucionais`.

Autonomia e governos
A `Declaração` tem 46 artigos, que o País não discutiu. Por exemplo:

1.

Art. 4: `Os povos indígenas, no exercício de seu direito de livre determinação, têm direito à autonomia (sic) ou ao autogoverno (sic)... a reforçar suas instituições políticas, jurídicas, econômicas, sociais, culturais`.

Art. 9: `Os povos indígenas têm direito a pertencer a uma comunidade ou nação (sic) indígena`.

Art. 26: `Os povos indígenas têm direito às terras, territórios e recursos que tradicionalmente tenham possuído, ocupado ou utilizado`.

Art. 30: `Não se desenvolverão atividades militares (sic) nas terras ou territórios dos povos indígenas, a menos que tenham solicitado`.

Art. 36: `Os povos indígenas, sobretudo os separados por fronteiras internacionais (sic), têm direito de manter e desenvolver contatos, relações e cooperação com outros povos, através das fronteiras` (sic).

segunda-feira, 19 de maio de 2008

Ciclones e terremotos

O mundo acompanha, entre estarrecido e interrogativo, as conseqüências do ciclone que açoitou Mianmar, seguido pouco depois do monumental abalo sísmico ocorrido no coração da China, catástrofes que sepultaram até o momento dezenas de milhares de pessoas. E se pergunta, no fundo, se isso já não seria um sinal de que a poderosa mão do Rex regum et Dominus dominantium – Rei dos reis e Senhor dos senhores – começou a se abater sobre o caótico e pecaminoso acontecer humano, a fim de lhe alterar o curso na perspectiva da Mensagem de Fátima.

Esquecidos de que “se o Senhor não edificar a cidade, trabalharão em vão os que a edificam” e que se Ele não a vigiar, “vigiarão em vão os que a custodiam”, os homens erigiram loucamente uma civilização, fazendo não somente abstração de Deus, mas voltada contra o próprio Criador. Resultado: esta se tornou inviável, bastando, para comprová-lo, cada um olhar o que acontece em torno de si, de sua família e da sociedade em geral, e, por fim, no próprio Estado.

Essa crise atingiu – oh dor! – até a Santa Igreja Católica Apostólica Romana, invadida que foi pela “fumaça de Satanás” e pelo terrível processo de “autodemolição” aos quais se referiu Paulo VI, a partir do momento em que João XXIII decidiu abrir de par em par as janelas do Santuário – como então declarou – e nele penetraram os ventos pestilentos do mundo moderno. Os resultados não se fizeram esperar.

Os sacerdotes são o “sal da terra e a luz do mundo”. Se o sal deixa de salgar e a luz de iluminar, como pode o mundo subsistir? Fizeram-se pois trevas sobre ele, e os desatinos cada vez maiores que presenciamos – e que só tendem a aumentar – correspondem ao que acontece na escuridão quando já não existem as luzes da razão e as leis da moral.

À medida que “autodemolição” ia se operando e a “fumaça de Satanás” penetrando no recinto sagrado, as novas vocações sacerdotais iam se escasseando e as igrejas esvaziando. Com o gradual abandono da batina e do confessionário, encheram-se os consultórios dos psiquiatras e psicólogos de pessoas que antes encontravam solução para muitos de seus problemas numa boa confissão.

Os sinos tangiam alegremente, convidando para a Missa matutina. Celebrada invariavelmente em latim, a comunhão era recebida na boca pelos fiéis ajoelhados. As mulheres iam vestidas com modéstia e portando véu. Todo o conjunto exprimia a grandeza do ato que ali se realizava: a renovação incruenta do sacrifício do Calvário. Comparando-se isso com o que acontece hoje, é impossível não exclamar com o Profeta: “Quomodo obscuratum est aurum” (como se obscureceu o ouro)!

As nações ocidentais passaram cada vez mais a adotar leis contrárias ao Decálogo, sem que as respectivas populações reagissem, afetadas que foram pela crise religiosa e moral, bem como pela corrupção generalizada que encontrou assim campo ainda mais propício para medrar. Até o extremo de as mais civilizadas dentre elas quererem construir, a partir de uma miscelânea de 27 países com costumes e passados diferentes, um super-estado denominado Europa Unida.

Dotado de moeda e de exército únicos, este leviatã arquitetado por burocratas à revelia das populações exige dos países-membros – e até mesmo das demais nações com as quais se relaciona –, entre outras coisas, a adoção do aborto e do casamento homossexual. Muitas pessoas têm inclusive comparado a Europa Unida com uma tentativa de reedição da União Soviética.

Enquanto esse Moloch vai sendo assim montado – mercê de um arbitrário Tratado assinado em Lisboa pelos muito “democráticos” artesãos da Europa Unida, cujas pretensões haviam sido negadas por referendos na França e na Holanda –, outro Moloch, o chinês, edificado por capitalistas ocidentais para se tornar a grande potência mundial, dá sinais de ameaçar a desabar... sob o peso mão de Deus. Pois é bem sabido que as autoridades comunistas estão ocultando o quanto possível a verdadeira extensão dos danos causados.

Caso essa hipótese venha a se confirmar, falaria simbolicamente em favor dela o fato de em 7 de maio último, cinco dias antes do terremoto, a Orquestra Filarmônica de Pequim ter executado o “Réquiem” de Mozart para Bento XVI, no Vaticano, enquanto os católicos chineses eram proibidos pelo governo de se dirigirem ao Santuário de Nossa Senhora Auxiliadora, para sua festa no dia 24 de maio. A Filarmônica teria assim executado o “Réquiem” do próprio regime comunista chinês e de suas pretensões de grande potência. Deus irridebit.

segunda-feira, 28 de abril de 2008

“Espelho meu, espelho meu...”

Lula dispõe a seu talante, como todo governante populista, de pesquisas encomendadas, acionadas em determinados momentos para tirá-lo de situações embaraçosas.

Ainda agora elas foram convocadas e, como na fábula do espelho, ele lhes indagou: “Pesquisas minhas, pesquisas minhas, digam-me se porventura presidente há mais popular do que eu?”. E elas, submissas e pressurosas, lhe responderam: “Só Uribe na Colômbia”. O espelho trincou.

Com efeito, as últimas pesquisas o colocaram em situação com a qual Lula certamente sonha, ficando atrás, em âmbito latino-americano, só da popularidade real de que goza Álvaro Uribe na Colômbia: 70% x 84%.

Essas pesquisas são os fundamentos, por assim dizer, do “trono de fumaça” a partir de qual Lula governa o Brasil. Porque, com exceção da economia, que nada tem a ver com o governo e a ideologia do PT, o resto... é obra do PT.

A última situação delicada da qual as pesquisas o resgataram esteve relacionada com a reserva indígena Raposa Serra do Sol e dos oportunos pronunciamentos que a propósito dela emitiu o lúcido e destemido general Heleno Augusto Ribeiro Pereira, comandante militar da Amazônia. E também com a fala não menos oportuna do novo presidente do STF, o ministro Gilmar Mendes, na qual demonstrou preocupação por certos aspectos da conjuntura nacional.

As falas do general, primeiramente em São Paulo, em ato organizado pela FIESP e pela USP, e depois no Rio de Janeiro, no Clube Militar, foram amplamente divulgadas e tiveram grande repercussão nacional. Profundo conhecedor da área, ele acusou o governo federal de estar pondo em grave risco a nossa soberania, ao pretender homologar de modo contínuo aquelas terras, retirando os rizicultores e destinando-as a 18 mil índios.

O general Mário Madureira, chefe do Estado-Maior do Comando Militar do Leste, hipotecou solidariedade ao seu colega, a exemplo de muitos outros militares e civis preocupados com o curso dos acontecimentos no Brasil.
A posse do novo presidente do STF também coincidiu com o “abril vermelho” do MST.

Uma verdadeira burla: enquanto na mais alta corte de Justiça do País três ex-presidentes da República e o Presidente em exercício abrilhantavam a solene cerimônia de investidura, ao lado de 3.600 convidados, pelo Brasil afora as hordas invasores do MST atropelavam, mais uma vez impunemente, as leis das quais aquele Tribunal é o guardião supremo. Foi para essa situação, entre outras, que chamou a atenção o ministro Gilmar Mendes.

segunda-feira, 14 de abril de 2008

NÃO À SECESSÃO DO BRASIL!

É mais atual do que nunca o artigo “Ao Papa ignoto” que o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira escreveu para “Folha de S. Paulo” em 14-10-78.

O autor analisa um documento de 52 missionários da Amazônia sobre a questão dos povos indígenas e os rumos para os quais o pleiteado no referido documento poderia conduzir o Brasil.

As propostas ali contidas são tão absurdas, unilaterais e exacerbadas em relação aos índios, que poderiam conduzir à quebra da unidade e secessão do Brasil, comprometendo o seu porvir cristão.

No referido artigo, publicado nas vésperas do conclave que escolheria o sucessor de Paulo VI, o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira suplica ao futuro Pontífice solução para a terrível ameaça que paira sobre a nossa unidade nacional, cuja origem é de natureza sobretudo religiosa: “Santo Padre, afastai o perigo com que se defronta a unidade do Brasil” – escreveu.

Como nenhuma providência foi desde então tomada, a ameaça não fez senão crescer. Até culminar em episódios como o da reserva Raposa Serra do Sol, de cujas terras o governo federal, pressionado por missionários e por ONGs estrangeiras, quer expulsar os rizicultores. Assim agindo, o governo Lula faz eco às incríveis e desastrosas pretensões daqueles 52 missionários.

Mas como “o Brasil é um país de todos”, o governo federal não poderá fazer ouvidos moucos aos indignados protestos não só dos roraimenses, mas de setores cada vez maiores e mais expressivos da opinião pública nacional.

Ao Papa Ignoto

“Folha de S. Paulo”, 14.10.78

Escrevo na Quinta-feira. O conclave iniciar-se-á na tarde de sábado. Quantos dias durará a escolha do novo Papa? Quem será o novo Papa? Essa questão parece que se vai tornando mais enigmática, à medida que o tempo corre.

Ora, antes mesmo que se saiba quem ele será, desejo dirigir-lhe aqui uma súplica. Pois a magnitude do que vou pedir excede às circunstâncias pessoais de quem venha a ser eleito. Escrevo, pois, ao Papa ignoto.

Meu pedido cabe em meia dúzia de frases:

“Santo Padre, o Brasil é, no mundo de hoje, o País de maior população católica. A unidade civil desse enorme bloco religioso é fator fundamental para que ele possa dar inteiro cumprimento, entre as nações, à sua vocação cristã. Ora, essa unidade está ameaçada.

“Um só gesto vosso bastará para salvá-la. Fazei esse gesto logo nos primeiros dias após vossa eleição. Ela será o pórtico de glória com que se abrirá vosso Pontificado.

“Santo Padre, afastai o perigo com que se defronta a unidade do Brasil.”

Como se vê, qualquer que seja a nacionalidade do futuro Pontífice, seja ele bispo diocesano ou cardeal de Cúria, pouco importa. Minha súplica é tal que, para ser bem acolhida, basta que ele seja simplesmente Papa.

O difícil não está em enunciar o pedido, mas em lhe explicar o porquê.

Na segunda quinzena de janeiro deste ano, 52 missionários de quatorze Prelazias e Dioceses, reunidos em Manaus, publicaram extensa Declaração sobre “a situação de calamidade em que se encontram numerosos povos indígenas da região, espoliados de suas terras e de suas culturas, especialmente pela ganância de poderosos latifundiários”. O trecho entre aspas é do “Osservatore Romano” (19 de fevereiro, edição semanal em português).

O órgão oficioso do Vaticano prossegue:

“O Comunicado Mensal da CNBB, em seu número de janeiro, está publicando a íntegra da importante Declaração, bem como das Conclusões do Curso (realizado por aqueles missionários sobre problemas indígenas), das quais destacamos aqui o título “Autodeterminação”: “Os grupos indígenas têm o direito à autodeterminação já consagrado em tantas cartas internacionais assinadas pelo Brasil, e seus membros têm direito de serem reconhecidos como pessoas responsáveis. Reconhecemos que o índio tem o seu direito especial, anterior ao nosso corpo jurídico. Tornamos nossa a decisão tomada pelo índio presente em nosso curso: “Lutar pela autodeterminação; mesmo que nos sujeitemos a prisões e a massacres, vamos conseguir a autodeterminação do povo indígena”.

De nenhum modo sou especializado em assuntos indígenas e missionários. Não sei, portanto, se na terminologia específica da matéria, a palavra “autodeterminação” tem um sentido peculiar. Na linguagem corrente – a minha, a dos leitores do “Osservatore”, como da “Folha de S. Paulo” – ela indica o direito que tem uma nação de decidir sobre seus próprios destinos. É idêntico a soberania. Pode ela significar também, de modo mais restrito, autonomia de um grupo étnico, regional ou cultural face ao todo político no qual esteja encaixado. Assim se poderia falar de “autodeterminação” – obviamente limitada – dos Estados ou províncias dentro de uma federação, ou até dos municípios dentro do Estado ou da província.

A pergunta se põe desde logo: o que entendem por “autodeterminação” os missionários autores da Declaração? Pedem para os grupos indígenas autonomia? Ou chegam ao extremo de pedir para eles a soberania?

A segunda hipótese, verdadeiramente louca, parece ter impressionante consonância com o contexto. Como vimos, a Declaração alude ao “direito à autodeterminação já consagrado em tantas cartas internacionais assinadas pelo Brasil”. A referência às “cartas internacionais” faz pensar mais em soberania, pois que é basicamente de soberania que elas tratam.

As palavras que seguem parecem caminhar no mesmo sentido, pois apresentam nossos tão diversificados índios como constituindo um só “povo indígena”. Uma nação, dir-se-ia, disposta a reivindicar sua “autodeterminação” com o “animus” característico de um povo subjugado, que luta por sua independência. Dizem os missionários que querem para o “povo indígena” a tal “autodeterminação” ainda que se sujeitem “a prisões e a massacres”. É difícil ler essas palavras sem pensar numa guerra de secessão indígena, chefiada por sacerdotes e freiras progressistas e esquerdistas.

Por mais desnorteante que tudo isto seja, o restante da Declaração dos 52 missionários conduz à mesma impressão.

Eles pleiteiam que os índios constituam, à margem do regime representativo brasileiro, todo um sistema próprio, com “assembléias indígenas tribais, regionais, nacionais e a sua participação em encontros internacionais”. Ou seja, uma espécie de democracia indígena intertribal, na qual não está representado o brasileiro não indígena.

Segundo a Declaração, no interior de cada tribo indígena o poder emanará da própria tribo. Ele não será laico (como infelizmente o é no Estado brasileiro), mas religioso-fetichista. Pois que “em ordem à autodeterminação”, a Declaração quer que seja reconhecida “a autoridade dos chefes indígenas, pajés e outros líderes religiosos, anciãos, dentro de suas concepções sociais e familiares”.

Ou seja, cada tribo seria uma pequena unidade mais ou menos monárquica ou democrática, com aspectos pronunciadamente teocráticos.

Naturalmente, cada peça de todo este mosaico tribal evoluiria (se é que evoluirá) inspirada apenas por suas próprias peculiaridades. E sem maior atenção à morfologia política e sócio-econômica do resto do Brasil. Tanto mais quanto, para assegurar a autodeterminação, a Declaração pede que “as missões sejam as primeiras a romper, na prática, com o regime de tutela a que sujeitaram os índios”.

O mais curioso é que os missionários, rompendo o “regime de tutela”, pedem “uma tutela especial”. Não do poder Executivo, em relação ao qual se mostram abespinhados e agressivos, mas do Legislativo, o qual deveria ter uma “CPI do Índio” permanente, para “fiscalizar” a Presidência da República. Privilégio que nenhuma classe ou setor de brasileiros possui.

E chegamos mais uma vez à autodeterminação. Pois os índios constituiriam no Brasil um corpo privilegiado, um corpo pelo menos semi-estrangeiro, cuja situação seria melhor que a de todos os brasileiros.

A frouxidão do nexo com o Brasil se revela por inteiro nesta reivindicação: “As entidades internacionais, como a Comissão dos Direitos Humanos da ONU, sejam regularmente informadas dos crimes cometidos contra populações indígenas”. O que importa dizer que a ONU funcionaria como uma imensa CPI internacional, a fiscalizar permanentemente a CPI do Legislativo brasileiro, a qual por sua fez fiscalizaria o Executivo.

A ONU... Bem se sabe o que isso significa. Bastará que, na hora da votação, as nações do mundo comunista tenham interesse nisto, para que votem reconhecendo como demonstrados os crimes mais inverossímeis. E para obter maioria na ONU, elas se lançarão às barganhas. Uma calúnia contra o Brasil poderá ser mercadejada por um Brejnev qualquer como se mercadeja um frango ou um peixe numa feira.

Quem não percebe que as reivindicações missionárias estão abrindo assim pontos de pouso em plena selva amazônica para a bota russa? – A bota? As botas? Quantas botas? Centenas? Milhares? Quantos milhares?

O Papa ignoto poderá fazer cessar tudo isto de um momento para outro. E situar a defesa dos direitos dos índios em termos que não representem a depredação do Brasil.

E, francamente, duvido de que, sem a vontade dele, algo de rápido e prático logre ser feito.
Para ele se voltam pois, aflições, preces e esperanças que são minhas, porém não só minhas.

Vejamos.

sexta-feira, 11 de abril de 2008

EXPOSIÇĀO BLASFEMA CHOCA A ÁUSTRIA

No museu católico ligado à famosa catedral de Santo Estêvão, em Viena, estão sendo expostos desde 12 de março até 10 de maio, quadros do artista austríaco Alfred Hrdlicka, um notório estalinista. Para espanto dos católicos, na exposição encontrava-se, entre outros, um quadro da Última Ceia, no qual Nosso Senhor e os Apóstolos são representados em uma satânica orgia homossexual.

Embora a exposição tenha provocado protestos de católicos em várias partes do mundo, no Brasil não se teve notícia dela. Nossa mídia, tão ciosa em dar grande destaque a notícias sem a menor importância, simplesmente negligenciou esta.

O arcebispo de Viena, Christoph Schönborn, apesar de o museu ficar próximo de seu Palácio e da Catedral e estar sob sua jurisdição, afirmou que não sabia de nada. O diretor de imprensa da Arquidiocese, Erich Leitenberger, declarou ao importante jornal polonês Rzeczpospolita que o arcebispo, depois de tomar conhecimento do referido quadro, mandou retirá-lo. Mas acrescentou que o prelado defende a permanência das demais obras, uma vez que se pode interpretá-las de diferentes modos.

– As obras dessa pessoa nunca deveriam encontrar-se num museu católico. Esta horrenda exposição deveria ser imediatamente fechada – declarou ao referido órgão polonês Michael Whitcraft, da Sociedade de Defesa da Tradição, Família e Propriedade, dos Estados Unidos.

Hrdlicka, conhecido pelo seu fanático anticlericalismo e simpatia pelo comunismo, ainda teve o descaramento de comparar as reações contra a exposição com os violentos protestos que provocaram a publicação das caricaturas de Maomé.

Muita gente reclama que o mundo anda muito mal. E com quanta razão! Mas ao mesmo tempo, manifesta estranheza quando se diz que só um grande castigo, como o profetizado por Nossa Senhora em Fátima, é capaz de pôr cobro a tantos pecados. Por los azotes y las afrentas, me daréis estrechas cuentas – pelos açoites e as afrontas, dar-me-eis estreitas contas – está escrito na base de uma imagem representando Nosso Senhor sendo flagelado, que se venera numa das belas igrejas de Lima, no Peru.

O que está acontecendo neste momento no Museu católico de Viena é verdadeiramente assombroso, sem comparação até mesmo com as mais pungentes cenas da Paixão de Nosso Senhor. Ele, que era a própria perfeição, sentia muitíssimo mais as dores morais do que as físicas. Pode haver dor moral maior para o Sumo Bem do que ver-se apresentado – e logo onde! – como participante de uma orgia homossexual?

domingo, 6 de abril de 2008

CNBB: dois pesos e duas medidas

Durante a 46ª Assembléia Geral da CNBB que se realiza em Itaici (SP), seu presidente, D. Geraldo Lyrio, declarou que aquela entidade está solidária com o governo Lula no tocante à ação de “desintrusão” dos rizicultores de Raposa Serra do Sol, em Roraima.

Em se tratando de uma assembléia de Pastores, sua primeira preocupação deveria ser com as conseqüências espirituais e materiais, com o impacto psicológico e moral que a projetada ação governamental terá sobre aquela parcela de seu rebanho. E de como remediá-lo. Mas isso não transpareceu nas declarações. Será acaso por pertencerem à “odiosa” categoria de proprietários que aqueles rizicultores não foram objeto da comiseração da CNBB?

Mas as coisas não param aí. A CNBB tem agido em relação ao governo Lula – apesar de este tudo empreender para a implantação do crime do aborto e de práticas imorais para o controle da natalidade – com um coleguismo escandaloso e perfeitamente compassado.

Assim, de um lado, através da Comissão Pastoral da Terra (CPT), ela se arremete contra os produtores rurais pelo Brasil afora e defende o MST, o qual, naturalmente, não considera intruso em terra alheia. Porque, neste caso, a propriedade “é um bem de todos”.

De outro lado, não impede que o Conselho Indigenista Missionário (CIMI), entre inúmeros desmandos, se insurja contra outra categoria de proprietários: os denodados brasileiros rizicultores – e não “intrusos” – de Raposa Serra do Sol, que, encorajados pelo governo, deixaram seus lugares para irem desbravar e povoar aquela remota região na década de 1970. Porque aqui – alegam – a propriedade “é um bem exclusivo dos índios”!

Além do mais, dizendo-se a CNBB favorável a que aquelas terras sejam deixadas aos índios, ela se esquece de que uma parcela ponderável dos silvícolas – não “trabalhada” pelo CIMI e por ONGs internacionais, mas que realmente trabalha com proveito a terra, lado a lado com os rizicultores –, apóia a estes decididamente. – Ou os componentes dessa parcela de silvícolas são porventura menos índios do que os outros “conscientizados” pelo CIMI e pelas ONGs?

Com um vizinho tão “simpático” chamado Hugo Chávez, “o pacificador”, o qual acumula enorme quantidade de armas adquiridas da Rússia; com os também “simpáticos” farcistas adentrando nosso território (foram notados pelo menos 40 vezes!), enxotados como estão sendo pelo Presidente Uribe, como não viria a calhar uma extensa região habitada só por índios, sob a tutela do CIMI e de ONGs internacionais!
Caso esse tipo de gente venha a se estabelecer em nosso território, terá a CNBB o mesmo zelo em exigir a sua imediata “desintrusão”?

terça-feira, 1 de abril de 2008

Não há fumaça sem fogo

Haveria alguma relação entre o reaparecimento de Hugo Chávez no Brasil, com o new-look de pacificador, e o anúncio do vice José Alencar de que os brasileiros estariam desejosos de um terceiro mandato para Lula?

A pergunta tem propósito, sobretudo para quem nutre alguma ilusão de que o projeto do mandatário venezuelano de perpetuar-se no poder cessou a partir do momento em que ele perdeu o referendo. Ou de que os índices de popularidade encomendados a institutos de opinião – a partir dos quais saem declarações como a de José Alencar – refletem o sentir da Nação.

Não só Chávez continua firme no seu propósito de permanecer indefinidamente, como o governo Lula parece querer imitá-lo naquilo que seria um plano continental: atuar para que governos de esquerda se perpetuem no poder, sob a alegação de que têm ainda muito por fazer... e depois ainda reclamar do período da ditadura!

Dois êmulos de Chávez já empreenderam este caminho: Evo Morales na Bolívia e Rafael Correa no Equador. Mas se o instrumento do referendo não for viável, por que não apelar para as pesquisas – que seriam um referendo em escala menor – e depois apresentá-las como traduzindo um incontido clamor nacional?

Pareceria ser esta a atual manobra, a qual cresce em verossimilhança à vista de outro dado. Quando os referendos para reforma de Constituição estavam em alta na América do Sul, o secretário-geral do Itamaraty, Samuel Pinheiro Guimarães, não se pejou em apresentá-la em Lima, no Peru, durante conferência, como uma das mais lídimas formas modernas de democracia.

Para que esse plano possa ser levado adiante, importa que Hugo Chávez se despoje do papel de guerrilheiro incendiário e assuma o de “pacificador” movido pelo desejo de empreender vantajosas joint-ventures com seus vizinhos. É o que ele acaba de fazer durante sua visita ao Brasil.

Pacificador ou incendiário?

Se a situação de esquecimento é penosa para qualquer pessoa, ela o é sobretudo para o demagogo. Era o que vinha sucedendo ao presidente venezuelano Hugo Chávez desde que ele foi derrotado no referendo de 2 de dezembro de 2007: praticamente saiu de cena na grande mídia.

Mas como está na índole do demagogo desempenhar qualquer papel – ele muda de um para outro com a mesma facilidade com que um político brasileiro troca de partido –, não foi difícil para Chávez apresentar-se com uma Gestalt de acordo com as conveniências do momento. Sobretudo tendo “companheiros” que pressurosos o ajudam... ou prometem ajudá-lo.

É o que aconteceu há pouco no Recife, quando o presidente Lula teve o desplante de afirmar que o “ex-guerrilheiro” Hugo Chávez foi o grande “pacificador” na recente crise entre o Equador e a Colômbia!

Isso equivaleu a chamar nossa opinião pública de imbecil, como se ela não se lembrasse da decidida atitude de beligerância de Chávez contra a Colômbia, a ponto de romper relações diplomáticas com ela e enviar tanques para a sua fronteira, quando o problema era com o Equador. Mais. Foi Chávez quem instigou o até então hesitante presidente equatoriano Rafael Correa a endurecer contra seu homólogo colombiano.

Ademais, a visita de Hugo Chávez ao Brasil acontece num contexto extremamente delicado para o Continente, com o qual o mandatário venezuelano tem muito que ver: a Argentina, sua aliada, está internamente em pé de guerra; o governo peruano encontra-se cada vez mais preocupado com as ingerências chavistas visando desestabilizá-lo; uma crise profunda continua instalada na Bolívia; e as feridas causadas pelo conflito entre o Equador e a Colômbia ainda não cicatrizaram.
Foi nesse contexto que o presidente Lula não titubeou em se referir ao incendiário Chávez com o título que ele tanto persegue e mais desmerece: o de “pacificador”. Título altamente lisonjeiro para quem se quer atribuir o papel de Simon Bolívar, na tentativa de retomar uma fracassada liderança em nível continental. Lula disse ainda uma coisa que todo mundo já sabia: que seu empenho em ver a Venezuela no Mercosul é tão grande quanto o do “companheiro” Hugo Chávez.

Além da aliança econômica com a Venezuela, o Brasil está à frente com ela de outra preocupante iniciativa: a de estabelecer uma aliança militar para a segurança continental. Iniciativa que seria simpática, caso não estivéssemos lidando com governos norteados por uma ideologia marxista e anticristã, a qual querem ver implantada nos demais países. Documentos recentemente apreendidos com as FARC deram conta do comprometimento dos governos da Venezuela e do Equador com aquele movimento terrorista.

Tornar-se-ão realidade os propalados acordos entre o Brasil e a Venezuela para a exploração de petróleo em Pernambuco? Ou terão o mesmo destino do “megalomeoduto” com o qual Chávez acenou há anos para uma integração sul-americana? Caso se concretizem os referidos acordos, terá valido a pena a parceria com um governo que tem usado sua riqueza como meio de desestabilizar os países vizinhos?

Cumpre lembrar que Pernambuco se tornou ultimamente um dos estados mais violentos do Brasil. Do mesmo modo como a Venezuela se tornou o país mais violento da América do Sul desde a ascensão de Chávez ao poder (o índice de criminalidade é o dobro do registrado no Brasil ou no México!). Que o “pacificador” não jogue mais lenha na fogueira!

quarta-feira, 26 de março de 2008

Aula magna de subversão

Helio Viana

Enquanto os brasileiros vivem a sua rotina – levantam-se, vão ao trabalho e depois retornam às suas casas para se reunirem com suas famílias e prepararem um novo dia –, com a mesma rotina ergue-se, labuta contra eles e volta a seus antros para tramar novas conspirações uma organização subversiva chamada MST, especiosamente rotulada por seus hábeis manipuladores de “movimento social”.

Com fortes apoios em certos meios religiosos e poderes constituídos, o MST tem a missão de coadjuvar o governo na sua marcha rumo ao socialismo. Seu papel é pressioná-lo e obter dele concessões cada vez maiores em matéria de reformas, particularmente a agrária. Pois se a iniciativa de tais reformas partisse do governo, este tiraria a máscara e se indisporia com a opinião pública. A tarefa de “bicho papão” exercida pelo MST deixa assim o governo cômodo para agir, dizendo que está tão-só atendendo os clamores de justiça social de um povo faminto.

O regime feudal baseava-se no binômio proteção-fidelidade: o senhor feudal protegia o servo da gleba e recebia em troca a fidelidade dele. Binômio análogo, embora nos antípodas, dá-se entre governo e MST: o governo lhe dispensa proteção e recebe em troca sua fidelidade.

Apesar de suas invasões – com o conseqüente desrespeito às leis do País – terem neste início de ano aumentado sensivelmente, em vez de ser punido, o MST foi promovido. Com efeito, a seu líder João Pedro Stédile coube uma honra a que poucas notoriedades brasileiras é concedida: foi o convidado especial do reitor Aloísio Teixeira, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), para proferir a aula magna de abertura do ano letivo de 2008, no campus do Fundão.

Diante de uma platéia de cerca de 200 pessoas, entre professores e alunos, aquele agitador profissional desenvolveu o tema “Terra, saberes e democracia”, sendo aplaudido de pé. O que ele disse? Estadeou sua pretensa sabedoria sobre problemas da terra e da democracia, dos quais, como o Brasil inteiro sabe, o MST é grande conhecedor e observador...

Mas o que Stédile de fato revelou em sua aula foi a mais recente estratégia do MST: atacar o trabalho de unidades multinacionais em setores como dos transgênicos e do agronegócio: “Percebemos que nossos inimigos principais agora são as empresas transnacionais. Enquanto houver um sem-terra respirando, vamos lutar para expulsar do País todas as empresas transnacionais que nos exploram na agricultura”, pontificou.

Ou seja, o objetivo dessas como de qualquer outra empresa sendo o lucro, cumpre combatê-las, pois na perspectiva do MST isto é imoral. Como se elas não tivessem também uma função social proporcionada pela mão-de-obra que empregam e pelo próprio fruto desta, a produção, da qual se beneficia toda a sociedade. O MST quer tudo destruir, pois ele só admite a empresa estatal, nos moldes dos falidos regimes comunistas.

Embora tenha se negado a falar de ações planejadas para um “abril vermelho” de invasões, Stédile afirmou que não recuará, mesmo diante da decisão da 41ª Vara Cível do Rio de Janeiro. Chamou a medida de “idiotice” e “ditatorial”, acrescentando que a Vale do Rio Doce está “desesperada”. Várias outras empresas – Monsanto, Syngenta, Aracruz, Stora Enzo, Votorantin, Bayer etc. – estão na mira do MST.

De mais a mais, que autoridade tem Stédile para dizer e agir assim? Quem lha conferiu? Já que ele discorreu sobre democracia, foi por acaso o povo brasileiro? Pelo contrário, este está farto das atividades subversivas desse movimento e de nenhum modo deseja a mudança do atual regime de livre iniciativa e propriedade privada para o regime socialista de propriedade coletiva tutelada pelo Estado, como o pregado pelo MST e por seus minguados adeptos.

Assim, enquanto do alto de uma cátedra provisória na UFRJ, Stédile se arremete sob aplausos contra a ordem estabelecida e o Judiciário, chegando a chamar de “idiotice” e “ditatorial” uma decisão dele, proprietários rurais são vítimas de invasões, roubos e torturas. Tal foi o caso, entre muitos outros, do advogado Rodrigo Macedo, da Fazenda Iara, em Euclides da Cunha Paulista, que acusado recentemente de revidar uma agressão dos sem-terra – “cet animal est très méchant, quand on l’attaque il se défend!” –, teve ainda que purgar seis dias na cadeia!

Em Andradina, no noroeste paulista, cerca de 80 sem-terra ligados ao Sindicato dos Trabalhadores da Agricultura Familiar (Sintraf) destruíram há pouco nada menos que três mil pés de café da Fazenda Macaé. Disseram que agiram em protesto pela demora da Reforma Agrária. Um oficial de Justiça entregou-lhes uma intimação solicitando retirada imediata. Eles colocaram tratores na porteira para impedir a entrada da polícia. O dono da fazenda, Eduardo José Bernardes Filho, obteve a reintegração de posse na Justiça. Conseguirá retirá-los? E mesmo que o consiga, quem lhe pagará os prejuízos?

Essa é a rotina, o dia-a-dia do Brasil atual. Por detrás das aparências de normalidade existe uma imensa subversão – pouco sentida pelos citadinos, mas não por isso menos real –, que se não for contida poderá nos levar aos descaminhos aos quais as FARC conduziram a vizinha Colômbia.

quinta-feira, 20 de março de 2008

Direita francesa castiga Sarkozy

No segundo turno das eleições municipais francesas, ocorrido no dia 16 de março, prevaleceu a tendência observada no primeiro, ou seja, um recuo das forças da direita em benefício do Partido Socialista. Com efeito, este conquistou 24 das 36 cidades com mais de 100 mil habitantes, arrebatando ainda à direita 38 localidades com mais de 30 mil habitantes. Tanto o Partido Comunista como a extrema-direita de Le Pen obtiveram resultados inexpressivos.

Contudo, mais do que um avanço da esquerda, o que se observou foi um castigo infligido a Sarkozy por 35% da população de centro-direita que se abstiveram de votar. Não é temerária a afirmação, pois é sabido que o eleitorado de esquerda é disciplinado e não se abstém. Quanto mais no longo e tenebroso inverno político em que se encontra!

Se no próximo quatriênio que ainda tem à sua frente o presidente Sarkozy decidir “queimar o que adorou e adorar o que queimou”, reconciliando-se com a opinião pública que o elegeu com folgada margem de votos há apenas 10 meses, e encetar uma política consoante com as suas aspirações, terá tudo para reverter a situação; caso contrário, esta não fará senão piorar.

A “caixa-preta” de Raúl Reyes

Afora as revelações altamente comprometedoras para Hugo Chávez e Rafael Correa, já referidas neste blog, a “caixa-preta” do computador do farcista Raúl Reyes, morto em operações do exército colombiano no início de março, continua a fornecer novas revelações.

A mais recente delas resultou na apreensão na Costa Rica, com espantosa rapidez e precisão em decorrência dos detalhes proporcionados, de uma caixa metálica enterrada em zona rural, contendo a soma de 480 mil dólares. Esta era uma parte do dinheiro destinado a atividades das FARC naquele país, onde os colombianos ocupam o segundo lugar no contingente de imigrantes.

Mais um alarmante sinal para nós, latino-americanos, abrirmos os olhos acerca da realidade que nos circunda, e nos perguntarmos se o narco-terrorismo farcista não deitou metástases em cada um de nossos países, valendo-se para isso da cumplicidade ou da conivência de pessoas colocadas muitas vezes nos mais altos cargos, a exemplo do que vem ocorrendo na Venezuela e no Equador. – Que novas revelações trará a “caixa-preta” de Raúl Reyes?

Em tempo: No momento de postar esta matéria, leio na imprensa de Lima que em Iquitos, capital da Amazônia Peruana com 438 mil habitantes, acaba de ser detido pela Dirección Contra el Terrorismo, mediante ordem judicial, um casal de farcistas. A captura foi considerada “importantíssima” pelo Gen. Octavio Salazar, diretor daquele órgão, uma vez que o guerrilheiro, Johnny Cárdenas, que atende pelo codinome de Tanaka, é um “peso pesado” da Frente 63 das FARC, conhecido especialista em explosivos e armamentos pesados, autor de fuzilamentos de desertores farcistas e de civis que se negavam a colaborar com a organização. Em seu ativo há ainda diversos atentados contra o exército colombiano. Ele atuava na região de Putumayo, junto à fronteira amazônica com o Peru, obedecendo ordens de Joaquín Gómez, sucessor de Raúl Reyes. Segundo fontes da inteligência colombiana, ele entrou clandestinamente no país vizinho – onde provavelmente se encontram outros terroristas – para ampliar as atividades narco-guerrilheiras das FARC.

Violência, açoite da Venezuela

O nível da violência subiu vertiginosamente nos últimos dez anos na Venezuela chavista. É o que revela matéria de Francisco Peregil, enviado especial a Caracas do jornal espanhol “El País” (18/03/08).

Dados proporcionados por Roberto Briceño, diretor do Observatório Venezuelano de Violência, entidade privada com a qual colaboram quatro universidades, dão conta de que a taxa anual de homicídios triplicou, passando de 4.550 em 1998 – quando Chávez ganhou as primeiras eleições – para 13.200 em 2007!

Segundo a mesma fonte, a taxa de homicídios por cada contingente de 100 mil habitantes passou de 19 em 1998 para 49 em 2006. Para se ter uma idéia do que isso significa, na Espanha essa taxa oscila entre um e dois; na Argentina, alarmada pelo elevado índice de criminalidade ela é de nove; no bang-bang brasileiro ela é de 23; e no México, 24. Portanto, o índice de criminalidade da Venezuela é o dobro do verificado no Brasil ou no México!

O que aconteceu?” – pergunta Briceño. Ele responde: “A hipótese que mantenho é a de que os primeiros mortos por cada 100 mil habitantes têm a mesma explicação que teriam no México ou Brasil. Pobreza, desigualdade... Mas os outros vinte e tantos têm que ver com a quebra do pacto social levada a cabo com este governo. Quando o presidente faz um minuto de silêncio pelo guerrilheiro Raúl Reyes, está criando uma desordem na sociedade.

Um morador da favela Petare – com um milhão de habitantes (1/3 da população de Caracas), administrada por um chavista e palco de atuação dos primeiros médicos cubanos chegados ao país – assegurou ao jornalista que nos finais de semana são ali assassinadas até 30 pessoas, e que só no ano passado houve 700 mortes violentas!

Enquanto cresce a violência, continua a despencar a popularidade de Chavez. Segundo o instituto de pesquisas Datos, em levantamento feito em fevereiro último junto a dois mil habitantes da área urbana, Chávez obteve 34% de aprovação, nove pontos a menos do obtido por ocasião do referendo de 2 de dezembro de 2007.

O sapo e o escorpião

A atual crise migratória entre a Espanha e o Brasil faz lembrar a fábula do sapo que, convencido pelo escorpião a transportá-lo à outra margem de um rio, decidiu fazê-lo sob a condição de não ser picado. Acontece que no meio da travessia o escorpião o pica. Interpelado do porquê rompera o pacto, o escorpião simplesmente lhe respondeu: “Está na minha natureza”.

Do mesmo modo, por mais que existam acordos bilaterais e os respectivos trâmites sejam consagrados, está na natureza dos governos de esquerda – como é atualmente o caso tanto na Espanha como no Brasil – o condão de tornar difíceis todas as coisas, até mesmo as mais simples. “Si se puede complicar, para qué simplificar?” – dizem com humor os hispanos. Como sempre, quem paga são os cidadãos.

domingo, 16 de março de 2008

Colômbia: não baixar a guarda!

Os mandatários da Venezuela e do Equador – apanhados em flagrante delito no crime de colaboração com os terroristas das FARC –, com o mesmo despudor com que trataram a Colômbia durante a recente crise que os estremeceu, acenam agora para ela como se fossem excelentes amigos que nunca tiveram qualquer desentendimento. Ou que se por acaso o tiveram, dele haviam perdido a memória.

Ora, como acreditar em palavras e atitudes de quem não respeita nem sequer o tempo – calmo e sóbrio dissipador de rusgas – para, sem renunciar a seus propósitos, transformar a carranca em sorriso e estender, em atitude de amizade, a mesma mão que há pouco empunhava um punhal?

É óbvio que a guinada repentina de Hugo Chávez e Rafael Correa – que por conveniência deve ser mais cauto – é mais uma prova de que eles foram os grandes perdedores para a Colômbia. Não só no terreno militar e diplomático, mas sobretudo no plano muito mais vasto da opinião pública, tanto colombiana como internacional. E que precisam portanto com urgência mudar de jogo.

Situação que lhes complica mais uma vez a vida. Se o plano inicial de Chávez era a vitória no referendo de 2 de dezembro – que modificasse a Constituição e o consolidasse no poder, para continuar impulsionando Correa no Equador e Morales na Bolívia –, sua derrota deixou manco o tripé. Ainda mais quando se considera que embora Correa e Morales tenham conseguido mudar a Constituição, o êxito deste último ficou por enquanto só no papel, tais as resistências internas que vem encontrando. E que começam a assomar-se também no Equador.

Um dado curioso em tudo isso é que, ao mesmo tempo em que nesses três países se lançavam referendos para modificar a Constituição e perpetuar os respectivos mandatários, no Brasil havia jeitosas sondagens a respeito de um terceiro mandato de Lula... E pari passu o secretário-geral do Itamaraty e ideólogo da política externa brasileira, Samuel Pinheiro Guimarães, fazia em Lima uma conferência em que apoiava os aludidos referendos – com a massa da população previamente trabalhada por programas assistenciais de índole eleitoreira – apresentando-os como se fossem a mais lídima expressão da democracia.

Isso, que fazia pressagiar um plano geral para o continente, foi posto de lado a partir da derrota de Hugo Chávez no referendo de 2 de dezembro. Ele se auto-convidou então a desempenhar junto às FARC – et pour cause – o papel de mediador para a libertação de reféns. Até o momento em que sobreveio a crise decorrente da morte de seu principal interlocutor – e vítima, pois foi uma ligação de Chávez que possibilitou sua localização –, o narco-guerrilheiro farcista Raúl Reyes.

Quais serão o enredo e o desenvolvimento da próxima cena no teatro de operações da América Latina? Seus atores estão no palco, atentos às palavras do soprador. Este ditará atitudes de distensão ou de carranca?

Seja como for, ele só agirá em conformidade com as reações do público, em particular do colombiano, o qual jamais poderá esquecer que uma porção expressiva de seus membros – irmãos, pais, filhos ou parentes – continua seqüestrada nas selvas, agrilhoada e tratada como animais, não sabendo sequer se sairá viva. Cumpre a este público não baixar a guarda!

sábado, 15 de março de 2008

LIVRO NEGRO DA REVOLUÇÃO FRANCESA

O blog da Federação dos Estudantes da Aquitânia publicou, em 13 de fevereiro de 2008, entrevista com o renomado jornalista, ensaísta e historiador Jean Sévillia, autor de várias obras e um dos co-autores do Livro Negro da Revolução Francesa (Ed. du Cerf, janeiro de 2008, 882 pp). Segue abaixo a tradução.


– Qual foi a sua contribuição para esse livro?

– Há dois anos, encontrando-me com o Pe. Renaud Escande, idealizador do futuro Livro Negro da Revolução Francesa, ele me perguntou que contribuição eu poderia dar à obra. Logo em seguida tive uma idéia, posta em execução num texto, à maneira de esboço de resposta para aquela pergunta: “Será comemorado o terceiro centenário da Revolução?”. Na época eu estava mergulhado na preparação de meu livro Moralmente correto, publicado em 2007, e impressionado pela amplitude das mudanças da sociedade e das mentalidades a que assistimos no decurso das últimas décadas. Projetando o mesmo espaço-tempo não mais para o passado, mas para o futuro, disse para comigo que seria interessante interrogar sobre o que restará da Revolução Francesa em 2089. Pergunta que pode ser entendida em duplo sentido: o que restará da Revolução, mas também o que restará da França. A conjectura é um exercício arriscado: tantas previsões, felizes ou infelizes, foram frustradas... Mas não é proibido interrogar, a partir do momento em que se sabe que certos fatos têm conseqüências iniludíveis.

– Que continuidade existe entre este e seus livros anteriores?

– Sou simultaneamente jornalista, ensaísta e historiador. Minha contribuição ao Livro Negro da Revolução Francesa inscreve-se nesta perspectiva: o historiador trabalhou sobre 1789, o jornalista mergulhou em suas lembranças de 1989, e o ensaísta tentou refletir sobre 2089.

– Qual é a idéia-base deste livro?

– A despeito do fato de que todos os historiadores sérios, mesmo os ardentemente republicanos, são unânimes em que a Revolução Francesa apresenta um problema, a imagem oficial – a dos livros escolares do primário e do secundário, a da televisão – mostra os acontecimentos de 1789 e dos anos seguintes como o momento da fundação de nossa sociedade, maquiando tudo aquilo que se quer esconder: o Terror, a perseguição religiosa, a ditadura de uma minoria, o vandalismo artístico etc. Hoje, elogia-se 1789 e nega-se 1793. A Declaração dos Direitos do homem é benquista, mas não a lei dos suspeitos. Mas, como separar 1789 de 1793 quando se sabe que o fenômeno terrorista começa a partir de 1789? Para responder à pergunta, a idéia-base do Livro Negro da Revolução Francesa é mostrar essa face da realidade que nunca é mostrada, e lembrar que houve sempre uma oposição à Revolução Francesa, mas sem trair a História. Queira-se ou não, goste-se ou não da Revolução, é um mapa da História da França e dos franceses. Não poderá ser apagado: cumpre ao menos compreendê-lo.

– Este livro, do qual participaram diversos professores, mostra que o mundo universitário está em vias de mudar?

– O mundo universitário mudou há muito tempo. Lembrem-se do Bicentenário [da Revolução Francesa, em 1989]: de Pierre Chaunu a Jean Tulard, de Reynald Secher aos historiadores estrangeiros que se descobriam então, tal como Alfred Cobban, todos os grandes nomes da pesquisa histórica situavam-se, em graus diversos, numa posição de crítica em relação à Revolução Francesa. É preciso lembrar o papel essencial e paradoxal de François Furet: este homem de esquerda, ligado ao liberalismo mas nunca à contra-revolução, participou fortemente do naufrágio do mito revolucionário nos meios intelectuais. Mas ele não é feito senão de amigos! Depois de 1989, contudo, passou-se uma geração. De onde a idéia, com este Livro Negro, de retomar a questão com novas colaborações, com contribuições em parte novas.

– No quê uma obra sobre a Revolução Francesa ainda pode interessar os franceses de hoje?

– Numa sociedade que se defronta com uma verdadeira depressão cultural, existe ainda um público cultivado e que lê. Se o Livro Negro chegar a esse público, já estará bem. Observa-se há anos um verdadeiro fascínio pela Idade Média. Nas multidões que vagueiam pelos castelos do [vale do] Loire ou de Versailles, ou na voga da música antiga, encontra-se um interesse pela civilização pré-revolucionária. Chegará o momento em que esse público verá de frente a história da Revolução, pronto a ser modificado em suas certezas. Mas, a se crer na receptividade que encontrei com meu livro Historicamente correto, uma obra que atingiu sem dúvida meio milhão de leitores, há muita gente na França pronta para objetar contra alguns mitos históricos estabelecidos. Espero que o Livro Negro da Revolução Francesa, do qual não sou senão uma das múltiplas vozes, contribuirá para isso.

quinta-feira, 13 de março de 2008

LIVRO NEGRO DA REVOLUÇÃO FRANCESA




Reabilitação da Rainha Maria Antonieta

Na França, país cuja história influenciou profundamente o regime político e a vida social e cultural de todos os povos ocidentais, estão na ordem do dia dois acontecimentos de grande significado.

O primeiro deles é o espetacular lançamento, pelas edições du Cerf, do Livro Negro da Revolução Francesa, de 882 páginas. Elaborou-o, sob a direção do Pe. Renaud Escande, OP, um pequeno batalhão de 46 historiadores, entre os quais Pierre Chaunu, Jean Tulard, Emmanuel Leroy-Ladurie, Jean-Sévillia e Jean-Christian Petitfils. É o Tribunal da História julgando o Tribunal Revolucionário de 1789. Lançado em janeiro de 2008 ao preço de 44 euros, já está na terceira edição. Em apenas três semanas, escoaram-se 10 mil exemplares!

Aliando erudição com farta documentação, seus autores recompõem para a posteridade o verdadeiro rosto da Revolução Francesa – sanguinária e cruel, perseguidora da Religião e da Monarquia – que os manuais de história, a literatura, os meios acadêmicos e de comunicação social insistiam até há pouco em apresentar sempre maquiado.

Eis as palavras introdutórias ao Livro Negro da Revolução Francesa:
“Legítimos e gloriosos, festivos e fraternais, frutos de uma ‘razão’ esperada pelos séculos: é assim que são habitualmente apresentados os acontecimentos daquele que foi um dos períodos mais sangrentos da História, inaugurando tragicamente uma sucessão de revoluções e de conflitos que marcaram a Europa até a metade do século XX.

“É sempre do interesse de uma nação fazer brilhar alguns mitos fundadores, e do interesse dos que tomaram o poder, de mascarar a violência e arbitrariedade sobre as quais eles impuseram sua dominação. Mas a História não é escrita como a mitologia, e sua exigência de verdade não deveria ser atravancada por pretensões utilitaristas. Esta obra não pretende ‘enegrecer’ fatos que falam por si. Esta violência inaudita – que entretanto se reclamava das Luzes – produziu uma onda de choque tal, que deveria estender-se por diversas gerações. Ela levou consigo, sobre o fenômeno revolucionário, toda uma série de obras e de reflexões críticas, das quais se nega muito rapidamente, com freqüência, a legitimidade.”
* * *

O segundo acontecimento diz também respeito à reconstituição da verdade histórica sobre a Revolução Francesa. Trata-se do anúncio de uma grande exposição sobre a Rainha Maria Antonieta, a realizar-se no Grand Palais a partir de 15 de março de 2008. O semanário “Valeurs Actuelles” dedicou-lhe uma substanciosa matéria de capa intitulada “Maria Antonieta superstar”, que seu colaborador Laurent Dandrieu inicia com estas palavras: “Maria Antonieta volta ao centro da atualidade. O tempo joga a favor da mais vilipendiada das rainhas da França, que não cessa de cativar os corações e as imaginações.

São as voltas que a História dá: em nome da Liberdade, da Igualdade e da Fraternidade, a Revolução Francesa cometeu os piores crimes que imaginar se possa. E, a exemplo do que sucede com os criminosos, acabou, também ela, no banco de réus... Enquanto isso, “a mais vilipendiada das rainhas”, Maria Antonieta, injustamente condenada à guilhotina pela turba revolucionária, desce das sombras do cadafalso e dá início a uma ascensão rumo aos galarins da glória. Nos braços do povo francês.

terça-feira, 11 de março de 2008

Equador x Colômbia: Epílogo

Passado o vendaval que levou para a eternidade terroristas da FARC, deslocou exércitos e pôs de sobreaviso a diplomacia internacional, o que restou?

Respondemos: o vendaval passou, mas a crise ficou instalada. E será questão de tempo para que ela volte a aquecer-se, posto que seus fautores intencionais continuam no panorama. Só que desmascarados e sem graça, devendo esperar que seus fracassos caiam no olvido para mais tarde reincidir.

O que se viu foi de suma gravidade: um país livre como a Colômbia, que luta para expulsar um inimigo interno, assassino de sua população, abastecedor mundial de drogas e desejoso de transformá-la em república socialista, obrigado a defrontar-se com dois países vizinhos e amigos, porque seus atuais governantes são cúmplices desse inimigo interno!

Uma vez que o expansionismo socialista permanece na América Latina, agora com face abertamente belicista, por mais que os embaixadores tenham regressado a seus postos e os exércitos às suas bases, a crise ficou pairando no ar, à espera de novos ventos.

A meia-sola de Zapatero

As eleições legislativas espanholas de 9 de março confirmaram o atual chefe socialista de governo, José Luis Zapatero, para o próximo quatriênio. Só que seu partido, o PSOE, contrariamente à folgada maioria esperada – necessitava de 176 cadeiras para constituir maioria – obteve uma vitória de meia-sola: 169 assentos, contra 153 do oposicionista Partido Popular (PP).

Para aprovar seus projetos, Zapatero precisará agora do apoio do partido catalão de centro-direita CIU, com 11 deputados, porquanto os demais partidos de esquerda não possuem representantes suficientes para assegurar maioria ao PSOE.

Muito curiosamente, repetiu-se o sucedido em 11 de março de 2004, quando um grande atentado terrorista em Madrid viabilizou sua ascensão ao poder. Também agora Zapatero se beneficiou de um atentado atribuído ao ETA dois dias antes do prélio, na localidade basca de Mondragón. A vítima fatal foi um ex-vereador do PSOE, e o crime – fartamente noticiado pela mídia – causou grande comoção nacional, auferindo votos para o partido.

Este segundo governo, contudo, não será fácil para o primeiro-ministro socialista, o qual já adiantou que evitará “crispações”. Se na refrega eleitoral Zapatero se defrontou com um opositor medíocre como Mariano Rajoy, terá agora de enfrentar pelo menos uma metade mobilizada da Espanha, que tem manifestado cada vez mais sua indignação ante a destruição de seus fundamentos tradicionais e católicos pelo PSOE.

Sarkozy, coveiro da direita francesa

Eleito com ampla margem de votos pelo eleitorado de direita no início de 2007, o presidente francês Nicolas Sarkozy demorou menos de um ano para decepcionar esse mesmo público, transformando-se em coveiro de suas esperanças.

Como candidato, ele entusiasmou os conservadores com um discurso de apoio à família e às instituições tradicionais, e de franca oposição às idéias libertárias e anárquicas de Maio de 1968. Depois de eleito, contudo, passou a decepcioná-los. Primeiro ao convidar políticos socialistas para compor seu governo, preterindo aliados, e depois por escândalos na sua vida privada, ao contrair terceira união com uma modelo.

Fatos como esses tiveram notável repercussão no primeiro turno das eleições municipais de 9 de março na França, servindo para desestimular o eleitorado conservador e revigorar as minguadas forças do decadente Partido Socialista. Este saiu vencedor por pequena margem de votos, prevalecendo na maioria das grandes cidades, mas perdendo no interior, quadro passível de ser revertido no segundo turno de domingo próximo.

A esta altura os esquerdistas já devem ter dito: “Merci, Sarkozy!”

sábado, 8 de março de 2008

Equador x Colômbia: O verdadeiro motivo do conflito

O que sobressai do atual conflito entre o Equador e a Venezuela, de um lado, e a Colômbia de outro, mais do que uma questão de violação de soberania é o seu caráter ideológico.

Enquanto Rafael Correa e Hugo Chávez imprimem a seus governos um rumo cada vez mais à esquerda – no que são apoiados discretamente pela Rússia de Putin e ostensivamente por Cuba e pelo Irã –, o colombiano Álvaro Uribe chefia um governo de centro-direita, apoiado pelos Estados Unidos e, em alguma medida, por países europeus.

No espectro latino-americano há ainda, alinhados ao bloco da Venezuela e do Equador – do qual Cuba é a tintura-mãe –, países como a Bolívia e a Nicarágua. São os da marcha rápida, que não ocultam sua meta. E outros que, sem pertencerem àquele bloco, são governados por esquerdistas que o criticam em um ou outro ponto secundário, mas que mantêm em relação a ele uma atitude de simpatia e colaboração.

Os governos destes últimos não podem, por injunções de opinião pública, levar a esquerdização em seus respectivos países além de certo ponto. Isso os obriga a caminhar com cautela, sem revelar a meta: “Marchons à petits pas, ne faisons point de bruit; écoutons, parlons bas” (Andemos devagar, sem fazer barulho; escutemos, falemos baixo). Estão neste caso a Argentina, o Brasil, o Chile e o Uruguai.

Por aí torna-se fácil aquilatar a dimensão do desafio do governo de Álvaro Uribe, ao ter que se defrontar simultaneamente com dois adversários com laços recíprocos: o interno (as guerrilhas) e o externo (o bloco de esquerda chamado bolivariano, seus aderentes e simpatizantes).

Apoiado moralmente pela esmagadora maioria da opinião pública colombiana e logisticamente pelos Estados Unidos, o governo Uribe decidiu enfrentar de viseira erguida o desafio.

Para isso ele encetou caminho oposto ao trilhado pelos seus antecessores. Estes vinham fazendo contínuas concessões à narco- guerrilha, a ponto de lhe destinar um “santuário” do tamanho do Estado do Rio de Janeiro, onde o exército simplesmente estava impedido de entrar! O presidente Uribe, pelo contrário, assumiu em relação a ela uma política de “tolerância zero”.

Adotou esta política por considerá-la a única resposta adequada aos grupos marxistas-leninistas que há 40 anos ensangüentam a vida pública e os lares colombianos. De sua sanha assassina não escapou praticamente uma só família, num país de mais de 40 milhões de habitantes: seja por seqüestro, seja por morte, seja por seqüestro seguido de morte; sem falar das volumosas extorsões financeiras, das migrações e emigrações.

E Álvaro Uribe não se equivocou. Com tal política, seu governo vem obtendo êxitos notáveis. Não só ao reduzir praticamente à extinção o ELN, como também ao vir tangendo cada vez mais as FARC rumo à mesma direção. Prova disso é que os guerrilheiros agora mortos julgavam-se abrigados do outro lado da fronteira, em território equatoriano, de onde inclusive telefonavam para Hugo Chávez e outros supporters.

Essas guerrilhas, além de grandes disseminadoras de drogas para o mundo inteiro, têm a declarada intenção de transformar a Colômbia numa república socialista. É compreensível, pois, que um golpe mortal desferido contra elas doa especialmente naqueles que compartem os seus objetivos.

Foi o que aconteceu com Hugo Chávez e Rafael Correa, do hard core do referido bloco e pregoeiros do “socialismo do século XXI”: a notícia da morte do farcista Raúl Reyes e de seus comparsas – quanto mais tendo ocorrido no quintal de um deles – caiu como um raio, fazendo-os como que sentir na própria pele os efeitos letais dos artefatos lançados pela Força Aérea colombiana contra os narco-terroristas.

Fazendo coro com a Venezuela, a Nicarágua e a Argentina, o Brasil – que se nega a reconhecer as FARC como terroristas –, endossou o pedido do Equador à OEA, de uma “condenação hemisférica” da Colômbia. Antes, nosso governo já havia declarado “muito grave” a atitude colombiana. Mais circunspeta foi a OEA. Em sua resolução, ela reiterou tão-só o princípio da inviolabilidade do território, evitando impor à Colômbia qualquer sanção. Seria aliás decepcionante imaginar o contrário, uma vez que Chávez já violou a soberania de diversos países ao intervir na política interna destes em momentos delicados e nunca foi punido.

Embora qualquer violação de soberania seja muito grave, nosso governo simplesmente afirmou o princípio, sem descer à consideração das circunstâncias concretas que cercaram a ação colombiana. E nisso foi incoerente. Pois assim como a soberania de um país deve ser respeitada, também pelo mesmo princípio deve ser respeitado o direito de propriedade no interior de cada país, uma vez que o proprietário legítimo é soberano no âmbito do que lhe pertence.

Mas como o governo Lula restringe o direito de propriedade em nome de uma distorcida “função social”, e permite que hordas invasoras do MST o violem a seu bel-prazer, seria então o caso de perguntar: que maior “função social” poderia haver, no caso que nos ocupa, do que tirar de circulação alguns malfeitores que faziam o pior dos males a mais de 40 milhões de pessoas? Os direitos da maioria não devem, também aqui, prevalecer sobre os de uma minoria?

Compreendeu-o bem a OEA com bom senso e equilíbrio, ao reconhecer no fundo que a arremetida colombiana se justificava à vista de uma importante “função social”. No que foi confirmada pela reunião dos Chefes de Estado latino-americanos, realizada pouco depois na República Dominicana, na qual a Colômbia entrou com coragem e saiu com honra.

quinta-feira, 6 de março de 2008

O Farcismo e seus aliados

Imaginemos uma aldeia em recôndita zona rural. Seus membros são atacados, seqüestrados e mortos por bandidos que depois se refugiam em densos matagais da região. Os donos das terras onde estão esses matagais, ou desconhecem aquela ingrata presença, ou conhecem e nada podem fazer, ou por fim, conhecem e nada querem fazer para impedi-la.

Após muitos seqüestros, extorsões e mortes, a comunidade se reúne e decide pôr fim àqueles desmandos. Imaginemos ainda que no local o contingente da polícia é pequeno, seus agentes têm família e temem se meter com aquela gente. Não mais existindo para quem apelar, os aldeões se organizam e “limpam a área”.

Qual deveria ser, nessa hipotética circunstância, a reação dos donos dos matagais? De protesto por terem sido invadidos sem prévia autorização? Ou de gratidão por se terem visto livres dos bandidos?

Essa imensa aldeia é a Colômbia. Com seus mais de 40 milhões de habitantes, quase não existe família que não tenha sido dilacerada por algum crime das FARC ao longo dos últimos 40 anos. Os governos não as combatiam e, como fez o de Andrés Pastrana, antecessor de Uribe, as FARC foram beneficiadas com um “santuário” do tamanho do Estado do Rio de Janeiro em pleno coração da Colômbia. A partir dali seus membros praticavam os piores crimes e depois regressavam, sem que o exército pudesse intervir.

Tendo o governo Uribe acabado com essa regalia, os guerrilheiros não tiveram outra alternativa senão adentrar-se no mais profundo das selvas da Colômbia, ou ir para a Venezuela e o Equador. Foi neste último país que as FARC perderam Raúl Reyes, sob certo ângulo o mais importante de seus membros.

Chamou contudo atenção a falta de reação imediata do presidente Rafael Correa diante do acontecido. Ele esperou que seu aliado e patrão ideológico Hugo Chávez o fizesse, para depois atuar em total consonância e mimetismo com ele. Tanto no campo diplomático como no militar, agiu como se o Equador não fosse um país soberano.

Em qual das duas situações a soberania de um país é mais ferida: quando tropas de outro país vizinho e amigo penetram, momentaneamente e em legítima defesa, em dois quilômetros recônditos de seu território, sem prejuízos físicos ou materiais para seus habitantes, mas tão-só para agir contra um terrível inimigo que ali se embrenhou? Ou quando o presidente desse país pauta servilmente sua atuação em consonância com o presidente de outro país?

A pergunta toma mais propósito quando este último não é uma pessoa dotada de saber, de bom senso, que goza de merecido prestígio junto à opinião pública de seu país. A este título ele poderia ser um bom conselheiro a ser ouvido, e até imitado. Mas trata-se de um desequilibrado e despótico, sem apoio dos seus e, ainda mais, com o condão de envenenar o relacionamento interno e externo de diferentes nações.

Hugo Chávez, com efeito, não só se intrometeu na vida interna de outras nações que estavam em conjunturas políticas difíceis, mas se assenhoreou de tal modo do governo de uma delas – a Bolívia –, que ameaçou os bolivianos com um banho de sangue caso eles se insurgissem contra as pretensões ditatoriais de Evo Morales e o derrubassem!

E ele portanto não tinha por que meter o nariz – aqui, sim, a expressão é apropriada – numa questão entre a Colômbia e o Equador. Questão, ademais, que não era de fundo entre os dois países, mas surgida em função de um inimigo que se internara nas selvas equatorianas para dali continuar ordenando ataques mortais contra o exército e a população colombiana. E também – quem sabe? – combinar lances de propaganda com Hugo Chávez, Piedad Córdoba, além de outros aliados das FARC...

Se o atual governo equatoriano se despojasse dos preconceitos do sectarismo vermelho e tivesse todo o zelo em preservar a soberania do país, deveria, pelo contrário, ser agradecido à Colômbia. Pois esta, além de em nenhum momento ter agredido o Equador, atuou pelo contrário para a salvaguarda dos princípios democráticos em nome dos quais o governo equatoriano e os da região afirmam reger-se.

Mas infelizmente ele não agiu assim. Foi hostil ao benfeitor e subserviente ao ditador venezuelano. Seguiu-lhe o gesto de romper relações com a Colômbia e, à imitação de sua atitude perigosa e provocadora, enviou tropas à sua fronteira.

Por que o presidente Rafael Correa, ao reclamar da invasão das tropas da Colômbia, não reclamou também das FARC, que desrespeitaram a soberania do território no qual se haviam embrenhado? A menos que elas estivessem ali com conhecimento e aprovação do governo do Equador...

Falam neste sentido documentos “tremendamente reveladores” encontrados pelo exército colombiano nos computadores dos guerrilheiros (altamente informatizados!), em especial no do chefe Raúl Reyes. Tais documentos tiveram sobre a opinião pública o efeito de uma bomba, mais espetacular do que as que vitimaram aquele narco-guerrilheiro e seus companheiros de crimes. Pois conferem às ações das FARC uma extensão inter-governamental.

Segundo tais documentos, entre outras coisas, Chávez destinou 300 milhões de dólares à guerrilha colombiana. E o ministro do Interior do Equador, Gustavo Larrea, de codinome “Juan”, visitou os guerrilheiros das FARC em nome do presidente Rafael Correa, para intermediar posteriores contactos entre o governo equatoriano e as FARC! Mais. Entre outras medidas que “Juan” deveria adotar, estava a de providenciar a substituição das forças policiais equatorianas lotadas na região onde atuavam os guerrilheiros, por outras corrompidas que lhes facilitassem o serviço.

Esses “tremendamente reveladores” documentos revelam assim alguns aspectos de uma imensa conjuração farcista, para a qual concorrem possantemente os atuais governos da Venezuela e do Equador.

Aliados à Bolívia e vistos com simpatia ou displicência – para dizer pouco – por outros governos, eles parecem desejar, pela força das armas, lançar-se a uma nova aventura, a fim de tentar operar no continente uma mudança sócio-político-econômica que não conseguiram obter pela via das reformas. É esta, aliás, a explicação mais plausível para todo o arsenal bélico que Hugo Chávez vem acumulando.

domingo, 2 de março de 2008

Parabéns, Colômbia!

Fazendo eco ao clamor popular das portentosas marchas anti-FARC que reuniram, em 4 de fevereiro, entre 10 a 15 milhões de pessoas nas ruas das principais cidades da Colômbia, seu exército assestou, na madrugada de ontem, 2 de março, o mais duro golpe contra aquele grupo comunista e narco-guerrilheiro até o momento.

O alvo desta vez foi Raúl Reyes, o segundo na hierarquia das FARC e porta-voz internacional do grupo. Ele morreu na selva equatoriana, juntamente com 16 integrantes de sua coluna, a 1800 metros da fronteira com a Colômbia. A aviação colombiana abriu fogo contra o acampamento guerrilheiro, que foi depois tomado por um contingente do exército. Na ação morreu o soldado Carlos Hernández León, festejado em seu país como herói nacional.

A notícia caiu como uma bomba na Colômbia, cuja população se solidarizou com o governo pelo formidável tento. No espaço reservado a comentários, na página virtual de “El Tiempo”, o principal jornal do país, regurgitaram as mensagens. Eis algumas:

– “... isto é melhor do que vencer de 10x0 a Argentina ... do que ganhar do Brasil, do que golear a Alemanha. Isto é golear o gorila Chávez, o títere equatoriano, a Piedad Córdoba. Tirofijo [septuagenário líder das FARC], aproveita e morre de velho, porque vamos por ti...”

– “Que vá agora fazer terrorismo no inferno!!!”

– “Não estou de acordo em assistir a essa farsa de marcha de 6 de março [organizada pelas esquerdas], pois isso é apoiar a Piedad Córdoba, ao orangotango Chávez e a todos esses miseráveis do Polo [partido da esquerda] e as FARC. Claro que se fosse para celebrar este maravilhoso acontecimento de hoje, estou certo de que sairia o dobro de gente que saiu em 4 de fevereiro. Realmente, hoje sim, é um belo dia”.

– Que o enterrem na Venezuela, para que os vermes da Colômbia não se envenenem!”.

– “Esta conversa de que a Ingrid está doente não é senão para pressionar o governo para que libere a área que querem [as FARC], porque lhes convém para se encherem de armas...”

– “... Quem não apóia o governo colombiano, que vá para a Venezuela onde [está] o chefe supremo das FARC; mas isso sim, sem despesas para os colombianos. ... Não me alegro pela morte do tipo, mas sinto um refrigério; oxalá caiam mais assim. Avante, exército colombiano! É melhor trazer 50 corpos de mártires do que ter um país inteiro neste soçobro...”

Enquanto assim se manifestava o povo colombiano, vítima há décadas das piores atrocidades das FARC, Hugo Chávez e seu êmulo equatoriano, Rafael Correa, ficaram indignados, tomando as dores dos guerrilheiros, como se tratasse de pessoas inocentes, e não dos piores e mais frios assassinos. Ambos exigem explicações da Colômbia como se um ultraje tivesse sido feito à humanidade! Chávez pediu um minuto de silêncio pelo guerrilheiro, fechou a embaixada em Bogotá e afirmou que, se isso tivesse ocorrido na Venezuela, haveria guerra! Mais uma eloqüente amostra do “humanitário” e “compassivo” mediador dos reféns das FARC!

Ora, o presidente Uribe havia telefonado a Rafael Correa avisando-o da operação. Procedeu como alguém que atacado continuamente por bandidos que depois se refugiassem impunemente em terreno baldio de um vizinho cúmplice, participava a este da retaliação em legítima defesa.
Mas para bem aquilatarmos quem são essas “maravilhosas” pessoas das FARC, tão queridas daqueles dois chefes de Estado (e provavelmente de outros que não se pronunciaram...), eis um dos inúmeros crimes que elas cometeram contra vítimas inocentes. Retirei esta notícia do referido jornal “El Tiempo”, de 9 de março de 2006:

Eles a mataram por resgatar o cadáver de seu esposo

A última vez que seus 27 alunos a viram, Luz Myriam Farias estava nervosa e não parava de chorar. Tinha ido à escola do vilarejo Caño Claro escusar-se, porque não podia dar aula. Devia partir para Tame (Arauca), a fim de buscar o cadáver de seu esposo. Pediu a uma vizinha para cuidar de sua casa até seu regresso. Seu marido, o governador indígena dos ghaíbos makaguán, Juan Ramírez Villamizar, tinha sido assassinado no domingo pelas FARC, quando voltava das compras em Tame.

Na terça-feira, cheia de angústia ao saber da notícia, Luz Myriam pediu emprestado um cavalo, e se dispôs a viajar sozinha. Mas teve que apear do animal, quando lhe avisaram que tinham visto o corpo de seu esposo em Quenane, a uma hora dali.

Em seguida ela foi procurar o único telefone do vilarejo, e telefonou para a Personería de Tame e à Associação de Cabildos e Autoridades Tradicionais Indígenas de Arauca (Ascatidar), para coordenar o envio de um carro fúnebre. Com uma foto do governador na mão e acompanhada por três pessoas do povoado, conseguiu um veículo e empreendeu viagem.

Não o deixaram regressar

Segundo a Polícia, Juan Ramírez saiu de moto no domingo. Ao voltar, foi interceptado por guerrilheiros. Depois de ameaçá-lo por ter desacatado a ordem de proibição de circular, tiraram-lhe o veículo e o levaram para as montanhas. Dispararam três vezes na sua cabeça e o deixaram atirado próximo da estrada.

Ali o encontrou Luz Myriam, e todos subiram no carro. Quando regressavam, o carro fúnebre se deteve abruptamente. Foram surpreendidos por uma barreira ilegal das FARC, no lugar conhecido como Flor Amarillo. Ali, segundo disseram testemunhas, os subversivos obrigaram a professora a descer do veículo, e sem dizer palavra dispararam duas vezes na sua cabeça.

A Frente 10 das FARC deu ordem para não se transitar pelas vias dos sete municípios do Arauca a partir de 23 de fevereiro. As perdas no departamento [estado] são estimadas em 10 bilhões de pesos. Ainda não se sabe quem substituirá Luz Myriam, que aos 26 anos pensava entrar na universidade. O féretro se realizou ontem em Tame.

sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

“Territórios da Cidadania”

Os recorrentes vocábulos “cidadania”, “solidariedade”, “inclusão social”, e outros tantos, associados ao jargão esquerdista, servem de rótulos a iniciativas do governo petista na sua tentativa de aparelhamento do poder para implantar um regime socialista no Brasil.

Ao mais recente desses programas deu-se o nome de “Territórios de Cidadania”. Através dele o governo federal pretende distribuir mais de 11,3 bilhões de reais como ajuda a 958 municípios com baixo IDH, atingindo 7,8 milhões de pessoas. Acontece que deputados do DEM e do PSDB entraram com uma Ação de Inconstitucionalidade no STF para impugná-lo, por estarmos em ano eleitoral.

O fato enfureceu o presidente Lula, que discursando no dia 28 de fevereiro em Aracaju, durante a VI Reunião dos Governadores do Nordeste, declarou, de modo pouco democrático: “Seria bom se o Poder Judiciário metesse o nariz apenas nas coisas dele, o Legislativo apenas nas coisas dele e o Executivo apenas nas coisas dele. Nós iríamos criar a harmonia estabelecida na Constituição”.
O ministro Marco Aurélio de Mello, presidente do TRE, rebateu afirmando: “A lei veda, em bom português, o elastecimento de programas sociais no ano das eleições. Isso foi aprovado pelo Congresso Nacional e foi aprovado para valer.” E chamou de “arroubo de retórica” as declarações de Lula.

Se o governo Lula, a par dos banqueiros deseja favorecer também os mais necessitados, tudo bem. Mas nesse caso ele deveria também atender adequadamente às ingentes necessidades da imensa e achatada classe média, bem como impedir que hordas invasoras do MST perturbem a paz e a segurança dos proprietários rurais, ameaçados ainda por uma injusta e desastrosa Reforma Agrária socialista.

A boa intenção do governo em relação a seus programas assistenciais ficaria comprovada se através de fatos ele demonstrasse solidariedade também para com esses dois importantes segmentos, que são as principais colunas sociais e econômicas da Nação. E não continuar tratando os que a eles pertencem como se fossem cidadãos de segunda classe desprovidos de direitos.

O escopo eleitoreiro do programa “Territórios da Cidadania” – como também do “Bolsa Família” – é, portanto, mais do que evidente. E constitui um verdadeiro acinte à opinião pública, neste ano de eleições municipais. Tamanha desfaçatez só se compreende à vista do fiasco nacional do PT nas anteriores eleições municipais, que ele de nenhum modo quer ver repetido. No que é acudido então por Lula, que dá assim mais uma prova de que governa não primordialmente para a generalidade dos brasileiros, mas para atender aos interesses do seu partido.

Mas a concepção peculiar da organização política, econômica e social do PT contraria profundamente a índole cristã do povo brasileiro, que a rejeita. Como também rejeita seu pai espiritual, o progressismo, herdeiro do modernismo, heresia condenada por São Pio X na Encíclica Pascendi Dominici gregis como sendo “a síntese de todas as heresias”.

O PT só vicejou porque nasceu na sacristia e teve o púlpito como palanque. Quem não se lembra do ostensivo apoio de D. Claudio Hummes, então Bispo de Santo André, ao sindicalista Lula nas greves do ABC, e da utilização das igrejas para esse fim? Esse apoio do progressismo ao PT continua, embora mais discretamente, pois o bebê rebelde cresceu e aprendeu a andar com as próprias pernas.

Para avançar, tanto progressismo como petismo precisa ocultar suas doutrinas e suas metas, contrárias à doutrina tradicional da Igreja Católica. Mas elas estão presentes na sua integridade por exemplo no MST, deles nascido e por eles nutrido, e em relação ao qual, em toda a medida do possível, simulam pouco ou nada terem que ver.

Se o brasileiro carente recebe de bom grado as benesses do governo e em retribuição o apóia nas eleições, seu voto não poderá jamais ser interpretado como apoio ao lulo-petismo e à sua ideologia, como a propaganda procurará depois alardear.