A política exterior brasileira da era Lula, a mais ativa em todo o longo e insidioso via crucis imposto a Honduras durante a crise desencadeada por Zelaya, após receber desta uma merecida humilhação em legítima defesa, recebe agora o “tiro de misericórdia”.
Este tiro lhe foi dado não pela “direita golpista”, mas pela própria Comissão da Verdade que a esquerda internacional – a grande derrotada em todo o episódio, apanhada “com a boca na botija” na iminência de dar um golpe – exigiu fosse constituída para apuração dos fatos.
Após reunir inúmeros documentos num dossier de 50.000 páginas, a Comissão da Verdade e Reconciliação de Honduras, estabelecida sob os auspícios da OEA, publicou seu veredicto neste mês de julho, em equilibrado documento de 52 páginas no qual dá conta da lisura do procedimento das autoridades hondurenhas que depuseram Zelaya.
Ora, a OEA é dirigida pelo socialista chileno José Miguel Insulza, que não só apoiou escandalosamente Zelaya naquela ocasião, mas que recentemente, extravasando-se de suas atribuições e da imparcialidade própria a seu cargo, incitou os hondurenhos a condenar o ex-presidente interino e constitucional Roberto Micheletti.
Entretanto, a Comissão da Verdade reconheceu que Manuel Zelaya foi o incitador da crise e um presidente corrupto, e eximiu de culpa tanto a Corte Suprema de Justiça como as Forças Armadas e Micheletti, que antes de assumir presidia o Congresso Nacional e era, pois, segundo a Constituição, quem deveria assumir a Presidência.
No artigo “A verdade sai à luz em Honduras” (“The Wall Street Journal” (25-07-11), a jornalista Maria Anastasia O’Grady afirma que o informe da Comissão da Verdade conclui com a afirmação de que a crise política hondurenha iniciou-se em janeiro de 2009, quando funcionários do gabinete presidencial se reuniram com congressistas de seu próprio Partido Liberal, e os “ameaçaram com a ruptura da ordem constitucional caso não se elegessem como magistrados da Corte Suprema de Justiça advogados que não figuravam na lista de quarenta e cinco (45) candidatos a magistrados”, nomeados oficialmene através de um processo legal de seleção. E que, segundo o informe completo, Micheletti afirmou que o embaixador dos EUA, Hugo Llorens, participou da pressão para que o Congresso violasse a lei.
Resumindo, tudo começou com uma manobra escusa para dominar a mais alta corte do Poder Judiciário e impedir assim qualquer reação. É, aliás, a mesma técnica que os ditadores bolivarianos têm procurado utilizar em seus respectivos países.
Honduras foi portanto a gloriosa vítima que, com a humildade dos fracos que se tornam fortes quando feridos em seus legítimos direitos, assombrou o mundo ao desfazer as cavilosas maquinações de Lula, Fidel Castro e Hugo Chávez, que respaldados por Obama, ONU, OEA e União Europeia, tentaram, em frontal violação da Constituição hondurenha, renovar o mandato presidencial do “companheiro” Zelaya, visando a consolidar assim a hegemonia da esquerda no continente latino-americano.
Consolidação tanto mais importante quanto o então ministro das Relações Exteriores do Brasil, Celso Amorim, não titubeou em declarar que a deposição de Zelaya era inaceitável, uma vez que a direita não podia ter mais vez na América Latina.
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