terça-feira, 28 de julho de 2009


FARC, helicópteros e bofetada


O senador colombiano Oscar Túlio Lizcana, 55 anos, acaba de lançar o livro Años en silencio (Editora Planeta, Bogotá), onde descreve seu cativeiro. Ele foi seqüestrado pelas FARC em agosto de 2000 e libertado em outubro de 2008, graças a um guerrilheiro desertor e após duríssima caminhada de mais de dois meses na selva.

Entre os inúmeros fatos narrados por ele o mais intrigante talvez seja a presença no acampamento guerrilheiro, em pelo menos sete ocasiões, de helicópteros do Bureau Geophysical Processing (BGP), empresa que explora petróleo no noroeste da Colômbia e é subsidiária da estatal chinesa China National Petroleum Corporation (CNPC). De acordo com Lizcana, esses helicópteros transportavam médicos, remédios, víveres e inclusive guerrilheiros.

Años de silencio chega às livrarias no momento em que outro escândalo abala o bloco bolivariano liderado por Hugo Chávez, cujos aliados declarados são os títeres do sempiterno regime cubano e os respectivos correlatos boliviano, equatoriano e nicaragüense, uma vez que Zelaya – tão chorado por fazer parte do mesmo rol – está fora de jogo. E os aliados não declarados, mas nem por isso menos eficientes, são os demais presidentes de esquerda da América Latina liderados por Lula da Silva.

Escândalos, e não escândalo. Pois de um lado está o filme no qual o principal líder guerrilheiro colombiano, Mono Jojoy, declara que as FARC doaram 300 mil dólares para a campanha eleitoral do presidente equatoriano Rafael Correa, e de outro, a apreensão em acampamentos guerrilheiros de armas vendidas pela Suécia à Venezuela. “Como foram elas parar nas FARC?” – interpelou Bogotá a Estocolmo...

Com as mãos sujas pelo dinheiro do narcotráfico ou pelo sangue derramado por armas repassadas a farcistas apoiados pela China, esses ditadores populistas de esquerda ainda obtêm o apoio de países, blocos de nações e instituições internacionais que fingem ignorar seus crimes e, juntos, se lançam contra a pequena e heróica Honduras que, dentro do marco estritamente legal, lhes deu solene e oportuna bofetada que ainda ressoa.


quinta-feira, 16 de julho de 2009

Fernandinho Beira-Córrego
Hugo Chávez Beira-Mar


O jornal madrilense “El País”, de orientação socialista, teve acesso a um relatório do Congresso dos Estados Unidos a ser publicado no final deste mês, denunciando “o nascimento de um narcoestado na Venezuela”. É o que informa seu correspondente em Washington, Antonio Caño, que acrescenta, em matéria publicada naquele jornal em 16/07/09: ‘Nos últimos cinco anos, quadruplicou a exportação de cocaína’.

Segundo ele, os negócios do narcotráfico venezuelano são feitos com a ‘cumplicidade de altos funcionários civis e militares do governo, que colaboram e protegem a guerrilha e as organizações criminosas colombianas’. E que a Venezuela se transformou ‘no principal centro de distribuição da cocaína produzida na Colômbia e no maior centro de embarque desse produto com destino, especialmente, aos mercados dos Estados Unidos e da Espanha’.

“Um alto nível de corrupção dentro do Governo venezuelano, do Exército e de outras forças de ordem e de segurança contribuiu para a criação deste crime de permissividade” – diz, a certa altura, o relatório do Congresso.

Por sua vez, o senador republicano Richard Lugar, o mais alto representante de seu partido na Comissão de Relações Exteriores do Senado norte-americano e responsável pela encomenda do relatório ao Escritório do Congresso de Controle do Governo (GAO), afirmou: “As descobertas deste relatório aumentam a minha preocupação de que a negativa da Venezuela em colaborar com os Estados Unidos na perseguição ao narcotráfico se deve à corrupção existente no governo desse país”. E considera que, após a investigação, “se requer, no mínimo, a revisão profunda da política dos Estados Unidos em relação à Venezuela”.

De acordo com o relatório, até 2004, os Estados Unidos, de comum acordo com a Venezuela, exerceram controle sobre a movimentação das drogas neste país, mas que desde então essa atividade praticamente cessou. E Washington não acredita nas versões da continuação desse combate pelo governo chavista, pois a exportação da droga colombiana foi transferida para a Venezuela, devido ao renhido combate à mesma no seu país de origem. A da cocaína, por exemplo, que saltou de 60 toneladas em 2004 para 260 toneladas em 2007.

“Segundo membros das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC) interrogadas pelo governo colombiano – diz o documento do Congresso – funcionários venezuelanos, incluídos membros da Guarda Nacional, receberam subornos para facilitar a passagem de cocaína a partir da fronteira colombiana”. E prossegue: “A corrupção dentro da Guarda Nacional representa a ameaça mais significativa, porquanto a Guarda informa diretamente o presidente Hugo Chávez e controla as fronteiras, os aeroportos e os portos da Venezuela”.

Como reagirá Hugo Chávez a este incômodo documento do Congresso dos Estados Unidos? – Afirmará simplesmente que “não sabe de nada”, a exemplo de seu companheiro Lula da Silva em face do escândalo do Mensalão e de outros desmandos do seu governo?

Se os responsáveis pelo tráfico de drogas nos morros devem ser punidos pelos seus crimes, a fortiori o devem os chefes das nações que traficam. E se Fernandinho Beira-Mar, um dos chefes mais notórios do tráfico dos morros, está preso e com os bens confiscados, o mesmo deveria acontecer com Hugo Chávez: ser deposto pelas instâncias competentes e levado às barras dos tribunais internacionais. Aliás, esta seria uma das mais exemplares punições – tão reivindicadas pela esquerda – ao crime de “colarinho branco”... já que Chávez, ao que tudo indica, continuará impune pelo “colarinho vermelho” que faceiramente ostenta, símbolo de um "produto" ainda mais nocivo do que a droga: a revolução socialo-comunismo que, em conexão com outros parceiros, ele "trafica" continente afora.

Dada a flagrante desproporção entre os respectivos cargos e o volume das operações, Fernandinho se contentará doravante em ser chamado de Beira-Córrego, porquanto o codinome Beira-Mar lhe foi arrebatado por Hugo Chávez.



domingo, 12 de julho de 2009

A mídia e satanás


A mídia – refiro-me sobretudo à grande – age de modo geral como dócil instrumento de satanás. Como seu mestre, ela excita o quanto pode as paixões humanas pela divulgação de novelas, fotografias e textos imorais, e quando as vítimas culposas pela inoculação de tais matérias os transformam em ato, a mesma mídia lhes cai em cima com uma virulência infernal: são assassinos, estupradores, pedófilos, ladrões etc.

Sem eximir evidentemente de culpa essa categoria de pessoas, torna-se óbvio que os divulgadores da imoralidade infrene têm ponderável fatia de responsabilidade pela sua incidência nos respectivos crimes.

Pergunto: ao serem exibidas novelas onde cenas de infidelidade, de homossexualismo, de drogas, de toda sorte enfim de imoralidade são comuns, estão ou não seus divulgadores promovendo os divórcios, os abortos, os estupros, os crimes, a pedofilia e a homossexualidade que se dão depois na vida real? Participa de um crime não somente quem o pratica ou encomenda, mas também quem cria as condições para ele se realizar.

A mídia grita quando se fala de censura. Mas o que é mais grave: censurar os abusos dela, cujos amargos frutos dilaceram a sociedade, ou dar livre curso a tudo quanto ela dissemina de mal? Ou a mídia se julga mais importante do que toda a sociedade a ponto de considerar um simples limite aos seus intoleráveis abusos mais importante do que o tremendo mal que estes exercem sobre todo o corpo social?

Agindo assim, ela reclama para si o que censura nas piores ditaduras: calcar aos pés os mais lídimos direitos do indivíduo e da família à moralidade e à honra. E se transforma numa plutocracia acima da moralidade, da lei e do bem comum do País.

Como seu mestre – PhD por excelência na matéria – a mídia mente e manipula de modo sistemático. Quando não omite ou distorce tudo aquilo que não lhe convém.

Um exemplo de mentira. A mídia reboa a todo instante, como se fosse um dogma científico, a questão do aquecimento global. Ora, não somente isto não está provado como pelo contrário vem sendo seriamente contestado por incontáveis cientistas de renome mostrando tratar-se de uma balela. Há poucos meses, em Londres, enquanto cientistas “aquecidos” faziam um congresso para debater o tema, a neve caía lá fora como não acontecia há várias décadas...

Um exemplo de manipulação. Um matutino paulista com reputação de conservador, comentando notícia de opositores chavistas que danificaram uma estátua de Che-Guevara, deu à mesma o seguinte título: “Vandalismo”. Ou tantos jornais que se referem aos ladrões como “supostos” assaltantes e aos policiais como façanhudos e intransigentes; aos do MST como agricultores sem-terra e aos proprietários rurais como latifundiários ou suspeitos de praticar trabalho-escravo.

Um exemplo de omissão. Houve no mês de maio, na Espanha, grandes manifestações populares contra o aborto que reuniram milhões de pessoas. Pergunto quantos viram manchetes, ou mesmo meras notícias delas, estampadas em nossos jornais. Mas se meia dúzia de gatos pingados promovem análoga manifestação em defesa do aborto ou do “casamento” homossexual, a mídia é sôfrega em dar grande destaque.

Um exemplo de distorção. O presidente de Honduras, Manuel Zelaya, ligado ao bloco bolivariano liderado por Hugo Chávez e protegido por Lula, à imitação dos ditadores que pululam na América Latina, tentou dar um golpe branco para se perpetuar no poder. Assim, em claro atentado à Constituição que proíbe a reeleição, convocou um plebiscito apoiado tão escandalosamente pela Venezuela que até mesmo as urnas e as cédulas (“milagrosas”) provinham daquele país. As forças vivas de Honduras se opuseram indignadas, e a Corte Suprema – que já havia admoestado Zelaya sobre a inconstitucionalidade de sua intenção – o declarou deposto. Em seguida ele foi expulso do país pelo exército. Estes foram os fatos.

Segundo a inversão dada dos mesmos pela mídia, foram golpistas as autoridades constituídas de Honduras, não o candidato malogrado a ditador! Isso porque Zelaya é lulo-chavista, e de direita essas autoridades. Veja o leitor – en passant – a afinidade da imoralidade com a esquerda. Em geral, os mesmos que promovem a primeira são adeptos da segunda.

É possível que corifeus da mídia, não querendo simplesmente ignorar quanto sobre ela está escrito nestas modestas considerações (à maneira demônio, que com freqüência faz ouvidos moucos às ordens do exorcista), saiam com tiradas sarcásticas na linha do vade retro, satana. Se o fizerem, estarão mais uma vez dando mostra de docilidade ao velho mestre, que quando responde o faz com molecagens...




quinta-feira, 9 de julho de 2009


Michael Jackson: herói ou guru?

Helio Dias Viana

É difícil brotar verdadeiros valores do mundo massificado e globalizado no qual vivemos. Isso porque tanto a massificação como a globalização conduzem à despersonalização e, portanto, ao oposto daquilo que tem de fato valor e autenticidade.

Nessas condições, destaca-se a justo título aquele que consegue retirar de si forças para sobrepujar esse obstáculo e se impor pela afirmação da sua própria personalidade. Tanto mais ele se sobressairá quanto mais se afirmar no sentido do bem, tornando maiores as suas discrepâncias com tudo aquilo que for sinônimo de incerteza e indefinição.

Isso outrora era mais fácil, porquanto as pessoas eram fruto do povo, edificado gradualmente de dentro para fora pela operosa influência de valores familiares hauridos do passado cristão, e não da massa, construída artificial e desordenadamente de fora para dentro ao sabor da propaganda e da moda revolucionárias.

Michael Jackson foi um fenômeno lançado nos anos oitenta por certo metteur-en-scène ao qual se amoldou inteiramente, assimilando todas as características da massificação e da globalização nele inoculadas; tornou-se um ser hermafrodito ou andrógino – descaracterizado, portanto, inclusive no tocante ao sexo –, despersonalizado, supra-religioso e artificial. Ele não se fez, não construiu a sua própria personalidade, mas foi “fabricado” de fora para dentro por alguém que de comum acordo com ele se utilizou das suas inegáveis qualidades naturais para um determinado fim.

Qual foi esse fim? Michael Jackson tornou-se o próprio símbolo de uma época de dubiedade, incerteza e indefinição na qual mais do que nunca importava aos homens serem lógicos e conseqüentes; onde o sim fosse sim, e o não, não; onde o homem fosse másculo, e a mulher, delicada; onde o belo e o feio fossem excludentes, incapazes de conviver promiscuamente, e assim por diante. Jackson foi, em suma, o homem-símbolo de uma imensa revolução igualitária e relativista, onde as indispensáveis diferenças entre sexo, idade, cor – entre outros atributos inconfundíveis do homem –, se adelgaçassem a ponto de quase desaparecerem.

A propaganda descomunal feita em torno dele, tanto durante a vida como post-mortem, foi mais eficaz para a disseminação dessa perniciosa forma de mal que é o relativismo, do que se para isso tivessem sido escritas várias obras. Pois Michael Jackson não explorou somente a música – um dos meios mais eficazes e penetrantes de propaganda –, mas também criou e encarnou um tipo humano, um estilo e um modo híbridos de ser, altamente destrutivos da ordem cristã e úteis à Revolução Cultural. Ele conseguiu resumir numa só pessoa e disseminar a partir de si mundo afora aquilo que pode haver de mais monstruoso e antinatural: o ser e o não ser.

Por que o mais monstruoso? Simplesmente porque nós homens fomos criados à imagem e semelhança de Deus, que disse de Si: “Eu sou Aquele que é”. Portanto, quanto mais formos nós mesmos, isto é, desenvolvamos as características inatas decorrentes da nossa personalidade individual – e não coletiva, como se dá com a massa trabalhada pela propaganda –, chamando de feio ao feio, de bem ao bem e de mal ao mal, mais nós nos assemelhamos a Deus, nosso Criador. Pelo contrário, quanto mais indefinidos, dúbios, híbridos, tanto mais nos distanciamos de Deus e nos parecemos com o demônio.

Realiza-se, portanto, e se torna um herói digno de ser imitado aquele que domina as suas paixões e se submete ao império da razão e da Fé. Michael Jackson teria sido tal se tivesse assim agido. Infelizmente ele não o fez, pois teria ficado um ilustre desconhecido aos olhos dos homens, embora bem cotado junto de Deus, com Quem se teria assemelhado aqui na terra para gozar depois de Sua companhia por toda a eternidade.

Ao caminho árduo mas glorioso dos heróis que forjam o próprio rumo Michael Jackson preferiu submeter-se à manufatura que gera gurus notórios e prenhes de vício. Desbordou-se em vez de controlar-se, à excelência quis o excesso, à temperança o desbragamento. E assim morreu como viveu: sob os holofotes da mídia e idolatrado por fãs enlouquecidos que vivem de sua grotesca imitação. Ele teve popularidade, que é a glória efêmera dos demagogos, mas não a glória, que é a popularidade dos heróis e dos santos, de acordo com Plinio Corrêa de Oliveira.

Caso tivesse trilhado a senda dos heróis e dos santos – conhecido ou não de outros mortais como ele, quê importa? –, Michael Jackson teria tido sem dúvida a verdadeira e sempiterna popularidade, que é a glória que o próprio Deus reserva a todos aqueles que O temem e servem. Sejamos todos fãs daquilo que Michael Jackson deveria ter sido e não foi!









terça-feira, 7 de julho de 2009

A questão hondurenha:
David x Golias

Helio Dias Viana

Os acontecimentos de Honduras são simples e de fácil compreensão. Eles foram, contudo, totalmente distorcidos.

Como em todo país civilizado, existe ali uma Constituição, a qual entre outras coisas prevê que o mandato presidencial é único, proíbe a reeleição e declara automaticamente destituído de suas funções e sujeito às penalidades da lei quem agir em sentido contrário.

Ora, Manuel Zelaya, presidente de turno em fim de mandato, movido por nefasta influência que de algum tempo a esta parte recebe do ditador venezuelano Hugo Chávez, se julgou como este superior à lei e decidiu desobedecer à Constituição. Convocou para isso um plebiscito que lhe possibilitasse apresentar-se novamente como candidato, apesar de ter sido advertido dessa impossibilidade pelos poderes competentes.

Mas ele não se deteve. Animado por Chávez e outros componentes da esquerda latino-americana, Zelaya obteve da Venezuela inclusive as urnas e as cédulas a serem utilizadas no plebiscito. Só não consta se foram enviados também os computadores com os resultados já pré-estabelecidos... como, segundo se suspeita, pode ter acontecido na Bolívia e no Equador, onde consultas análogas foram feitas, com êxito para a esquerda.

Estava assim caracterizado o golpe; branco, é verdade, mas golpe. As autoridades constituídas dos poderes Legislativo e Judiciário não fizeram senão declarar Zelaya destituído de seu cargo e sujeito às penalidades previstas por violação da norma constitucional, tendo ele em seguida sido expulso do país pelo Exército, que julgou sua presença nociva para a tranqüilidade pública. Não podendo “embarcar” em novo mandato através das urnas da Venezuela, Zelaya ao menos teve a consolação de embarcar para seu exílio forçado num avião daquele país.

Crescia entrementes a pressão contra Honduras. Pois a esquerda internacional, mestra na arte de dissimular, seguidora meticulosa do preceito de Voltaire “menti, menti, alguma coisa sempre ficará”, julgou urgente dar dos fatos a versão que lhe convinha. Tanto mais quanto ela percebia que a punição imposta a Zelaya a comprometia como um todo e abria perigoso precedente. Atirou-se então à faina.

Assim, de golpista Zelaya se transformou em vítima e, com raras exceções, toda a tuba publicitária mundial se pôs a noticiar com furibunda indignação o “Golpe de Estado de Honduras”.

A partir daí, diversos Chefes de Estado – vários dos quais complacentes com as piores ditaduras de esquerda – se puseram a recriminar em uníssono a destituição de Zelaya. O Presidente do Brasil, por exemplo, não se envergonhou de fazê-lo da Líbia, onde se encontrava ao lado do “democrata” Gadafi, e pouco depois de ter condenado com veemência a oposição iraniana a Ahmadinejad...

Por sua vez, a ONU e a OEA – a primeira tão inoperante quanto desmoralizada, com padrão de grandeza restrito ao número de seus membros e tamanho de suas instalações, e a segunda alvo constante dos ataques de membros da ALBA – se tomaram repentinamente de um brio que não demonstram em relação aos regimes de esquerda e, quais novos Golias, lançaram contra Honduras uma “cruzada sem cruz”.

Foi assim que, do alto da presidência da ONU, onde certas forças misteriosamente o alçaram, Miguel D’Escoto, padre apóstata da “Teologia da Libertação” e ex-chanceler da Nicarágua sandinista, fustigou contra Honduras seu anátema, recebido como dogma por aquela Assembléia laica, cuja “Homilia com a versão dos fatos segundo a Mídia” foi lida pelo acólito ad hoc Manuel Zelaya.

De fato, com essa missão, o secretário-geral da OEA desempenhou o papel de embaixador da ALBA, pois ele perseguia precisamente o que desejavam Hugo Chávez e seus cúmplices: a manutenção de Zelaya no poder, com a posibilidade de vir a transformar Honduras em satélite da Venezuela e de Cuba. Tendo malogrado na sua tentativa, Insulza decidiu a expulsão Honduras da OEA. Mas chegou tarde, pois aquela já se havia destacado da organização que readmitiu Cuba.

Enquanto isso, na Nicarágua, foi montado um teatro de operações para o qual se transladou Zelaya, a fim de, juntamente com Ortega, Chávez e Rafael Correa, exercerem maior pressão contra Honduras. Não adiantou.

Tal novo David, Honduras prevaleceu, pelo menos até o momento. Mas cumpre que ela não abaixe a guarda e se compenetre cada vez mais de que sua luta é contra um velho inimigo, polimórfico e insidioso: o comunismo internacional, ressurgido na América Latina sob a forma de bolivarianismo, com ramificações no mundo islâmico e forte respaldo na “Teologia da Libertação”.


sábado, 4 de julho de 2009

A QUEM SERVE A OEA?



Acabo de ler, com espanto e indignação, as declarações do chileno José Miguel Insulza, secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), após sua malograda visita a Honduras: “Minha conclusão é a de que a ruptura da ordem constitucional persiste e que os que fizeram isso não têm de momento nenhuma intenção de reverter a situação”.

Ou seja, segundo ele a ordem constitucional foi rompida, não porque o presidente Manuel Zelaya desrespeitou a Constituição ao tentar realizar um plebiscito vedado pela mesma, mas porque as forças vivas da nação, lideradas pelo Poder Judiciário, impediram esse desrespeito e afastaram o infrator!

De mais a mais, a de Zelaya não foi uma ruptura qualquer. Pois o que ele de fato pretendia com o plebiscito era aplicar em Honduras o mesmo esquema já utilizado com sucesso pelo socialo-chavismo no Equador e na Bolívia: com base em consulta popular (não isenta de alto risco de fraude), perpetuar-se – e ao sistema – no Poder. Esquema – diga-se de passagem – elogiado como modelo de democracia para o Continente pelo secretário-geral do Itamaraty, Samuel Pinheiro Guimarães, durante conferência em Lima.

A atitude do Sr. Insulza espanta ainda mais porquanto acena para a possibilidade de expulsar Honduras da OEA pouco depois de nela readmitir Cuba (que continua sangrando sob o tacão de seus ditadores), inoculando assim, no próprio seio, o câncer comunista que os hondurenhos corajosamente repelem.

Nolens, volens, o secretário-geral da OEA obedeceu às injunções do bloco bolivariano (visto com franca simpatia pelos presidentes Barack Obama e Lula), cujo objetivo confessado é a implantação do socialo-comunismo em todo o Continente. Bloco que inclusive inventou a Alternativa Bolivariana para as Américas (ALBA) para substituir a OEA!

Secretário-geral da OEA, o Sr. Insulza fez na prática a política de embaixador da ALBA!