quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Papa Bento XVI a Bispos brasileiros:
“Não devemos temer a oposição e a impopularidade”

Falando no Vaticano na manhã desta quinta-feira (dia 28/10) para os bispos do Regional Nordeste V da CNBB, o Papa Bento XVI, sem se referir em qualquer momento ao III Programa Nacional dos Direitos Humanos (PNDH-3) nem ao segundo turno da eleição presidencial do próximo domingo, entretanto lhes recordou o dever de emitir juízos morais, mesmo em matérias políticas.

Tal pronunciamento não pode deixar de ser interpretado como uma aprovação implícita do Pontífice às recentes atitudes de alguns prelados, em particular de Dom Luiz Gonzaga Bergonzini, Bispo de Guarulhos, e Dom Aldo Pagotto, Arcebispo da Paraíba, que ao lado de outros bispos fizeram severos reparos ao PNDH-3 e à candidata da situação por seu apoio ao aborto e ao “casamento” homossexual, entre outras coisas.

“Portanto - afirmou o Pontífice - seria totalmente falsa e ilusória qualquer defesa dos direitos humanos políticos, econômicos e sociais que não compreendesse a enérgica defesa do direito à vida desde a concepção até a morte natural”.

Mais adiante, citando o aborto e a eutanásia, disse: “Além disso, no quadro do empenho pelos mais fracos e os mais indefesos, quem é mais inerme que um nascituro ou um doente em estado vegetativo ou terminal? Quando os projetos políticos contemplam, aberta ou veladamente, a descriminalização do aborto ou da eutanásia, o ideal democrático – que só e verdadeiramente tal quando reconhece e tutela a dignidade de toda a pessoa humana – é atraiçoado nas suas bases”.

E acrescentou: “Portanto, caros irmãos no episcopado, ao defender a vida não devemos temer a oposição e a impopularidade, recusando qualquer compromisso e ambigüidade que nos conformem com a mentalidade deste mundo”.

Referindo-se aos símbolos religiosos, cuja proibição está prevista no PNDH-3, afirmou o Pontífice: “Queria ainda recordar que a presença de símbolos religiosos na vida pública é ao mesmo tempo lembrança da transcendência do homem e garantia do seu respeito. Eles têm um valor particular, no caso do Brasil, em que a religião católica é parte da sua história”.


D. Luiz Gonzaga Bergonzini,
Pastor destemido da Santa Igreja






O que sucede com as ovelhas cujos pastores negligenciam o seu cuidado? Tornam-se presas fáceis dos lobos. Tal era a situação em que se encontravam de modo geral os católicos brasileiros diante de leis hostis à doutrina e à moral da Igreja com as quais se vinham defrontando.

Leis que subiram de tom com a publicação, em 21 de dezembro de 2009, do famigerado III Programa Nacional de Direitos Humanos (PNDH-3), súmula de um sem-número de aberrações propostas pelo governo lulo-petista que se postas em prática desfigurarão para sempre a fisionomia da Terra da Santa Cruz.

O opressor silêncio no qual as consciências católicas se encontravam cedeu lugar a um frêmito de júbilo a partir do momento em que, da Diocese de Guarulhos, elevou sua voz o zeloso Pastor de almas Dom Bergonzini, para sem destemor proclamar sua inconformidade com quanto o atual governo vem empreendendo de contrário às leis e à moral da Santa Igreja, de modo especial no tocante ao crime nefando do aborto.

Mas Dom Bergonzini não se deteve aí. Coerente com o ensinamento segundo o qual importa “obedecer a Deus antes que aos homens”, não se cingiu em denunciar teoricamente o mal, como soem fazer muitos dos que imaginam combatê-lo com circunlóquios ou lugares comuns; mas com coragem deu nome aos bois e indicou o antídoto: não apoiá-los por ocasião das presentes eleições!

Indo além na sua coerência, não se deteve nas palavras; cônscio de sua responsabilidade pelas almas diante de Deus e, como Bispo, de sua submissão unicamente ao Vigário de Cristo, julgou por bem ir aos fatos: fez circular amplamente na sua diocese panfletos idôneos alertando os fiéis para os perigos que o sufrágio da candidata do PT à Presidência lhes acarretaria, uma vez que tal partido é o principal responsável pelos erros condenados pela doutrina católica.

Nem a ameaça de morte que recebeu, nem a sanha da Inquisição petista que em auto-de-fé da teologia da libertação lhe confiscou os exemplares, nem as injustas e descabidas invectivas do Bispo de Jales, Dom Demétrio Valentini, que como ferrenho adepto do PT desobedece a Deus apoiando um partido cujas doutrinas são contrárias às divinas, conseguiram demover Dom Luiz Gonzaga Bergonzini do seu dever de Pastor. Que Deus o guarde e dê forças!

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

UNIÃO SAGRADA

Ninguém pode pretender acusar de ação partidária em favor de determinado grupo político um grande movimento de salvação nacional nos moldes de uma União Sagrada que conclamando as pessoas a deixarem em quarentena comodidades, rivalidades e preferências pessoais, as irmanem num só corpo e numa só alma para juntas conjurarem um grande perigo.

A gravíssima situação por que passa nos presentes dias o Brasil está a exigir de nós semelhante conclamação. Pois, sobretudo após a publicação do III Programa Nacional de Direitos Humanos (PNDH-3), para mais ninguém constitui segredo as afinidades do governo lulo-petista com o regime nazi-fascista anticristão, cujas cumplicidades por sua vez com o comunismo ateu não se restringiram ao mero terreno doutrinário...

Importa mais do que nunca compenetrarmo-nos de que no segundo turno está em jogo não somente os funestos desdobramentos da questão interna brasileira a que o PNDH-3 dá ensejo, mas também a do continente latino-americano tão infestado por adeptos do bolivarianismo chavista, que juntamente com o Brasil constituem a “menina dos olhos” da debilitada esquerda internacional que sobre eles deita suas derradeiras esperanças de ressurgimento.

Não é à toa que esforço midiático idêntico ao empregado pelas suas tubas mentirosas para viabilizar a vitória do tão prematuramente decrépito presidente Obama continua sendo envidado para tecer loas ao presidente Lula, na tentativa de manter seu partido no poder pela atribuição ao seu chefe de uma popularidade na qual só ele parece de fato acreditar e que se fosse verdadeira não haveria segundo turno. Desconfiemos, pois, das pesquisas, uma vez que não é só no Brasil que elas “elegeram” presidentes finalmente derrotados...

Longe estamos de afirmar que, também de esquerda, José Serra seja o candidato ideal. Mas à falta de outra opção – triste situação à qual nos empurraram injunções do atual sistema político-partidário –, esta União Sagrada conclama todos aqueles em cujo peito o amor à Pátria arde acima das comodidades, dos interesses ou diferenças pessoais, a que evitem agora o mal maior constituído pelo nefasto governo lulo-petista que ameaça nos empurrar para um regime socialo-comunista, pois do mal menor cuidaremos no momento oportuno!

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Dos Estados Unidos, um exemplo para o Brasil e o mundo

É sabido que em 1917, nas aparições de Fátima, Nossa Senhora transmitiu ao mundo inteiro, através dos pastorinhos Lúcia, Jacinta e Francisco, seu pedido de oração, penitência e emenda de vida, como condição para Deus não punir com severos castigos a humanidade pecadora.

De lá para cá, infelizmente, os homens não deram ouvido aos maternais e dolorosos apelos da Santíssima Virgem, e se entregaram ao gozo despreocupado da vida neopagã. Basta comparar os modos de ser, expressar-se e vestir-se de 1917 com os de hoje, para nos darmos conta do abismo no qual nos encontramos.

Avançando um pouco no tempo, se há cinqüenta anos uma neta comentasse com a sua avó que ela pensava em usar trajes como os de hoje, seria duramente censurada e objeto das maiores preocupações de toda a família. Entretanto, todo mundo hoje – inclusive a avó – tende a achar isso coisa mais normal...

O que mudou, então? A moral, ou as pessoas?

Evidentemente as pessoas, que embaídas pela malfadada “evolução” em nome da qual todos os absurdos são praticados e justificados, os vão aceitando sem resistência. Preferem isso a serem marginalizadas – propriamente discriminadas – e chamadas de retrógradas.

Mas, para enfrentarmos obstáculos deste porte e “obedecermos antes a Deus que aos homens”, cumpre rezarmos, como Nossa Senhora nos indicou. A oração, de modo especial o Santo Rosário, nos dá forças para enfrentar vitoriosamente todos os obstáculos e proclamar com destemor os princípios e a moral católicos.

Tanto mais quanto, na direção do Brasil e do mundo – que tanto sofreram, durante várias décadas, a influência revolucionária proveniente do cinema e dos modos de ser libertários de Hollywood e do American way of life – sopra hoje uma lufada benfazeja de ventos da graça, oriunda dos mesmos Estados Unidos e em sentido diametralmente oposto ao do passado.


Com efeito, por meritória iniciativa da American Society for the Defense of Tradition, Family and Property (TFP), vem-se realizando anualmente naquele País a recitação pública do Rosário, reunindo uma verdadeira multidão se considerada globalmente.

No dia 16 do corrente mês de outubro, como se pode ler no site da entidade, tal exemplo de proclamação pública da Fé e ausência de respeito humano se fez sentir em nada menos que 5.963 lugares, reunindo um total de 150 mil pessoas! Se atentarmos para o fato de que o Brasil possui 5.564 municípios, seria como se em cada uma de nossas cidades se recitasse publicamente o Terço no mesmo dia e na mesma hora. E sobrariam ainda quase 400!

Quantas graças não seriam assim atraídas para o Brasil e os brasileiros?

Imagino quantos adeptos inveterados do laicismo consubstanciado no PNDH-3 bradarão indignados contra este espetáculo, tachando-o de fanatismo religioso. No entanto, estou certo de que eles não têm a mesma indignação quando lêem que nos próprios países europeus, no mês do Ramadã, os muçulmanos interrompem cinco vezes ao dia suas atividades para rezarem a um falso deus.
A Rússia empreende um vasto
programa de privatizações

De acordo com notícia da AFP veiculada pelo jornal “Le Monde” (20-10-2010), o vice-primeiro ministro russo, Igor Chouvalov, anunciou nesta quarta-feira, 20 de outubro, que o governo russo aprovou um programa de privatizações num montante estimado de 42 bilhões de euros (96 bilhões de reais) em cinco anos. A lista compreende novecentas empresas, entre as quais figuram a petroleira Rosneft, o banco semi-estatal Sberbank, ou ainda o banco estatal VTB, o segundo do país em termos de ativos. “Segundo os dados preliminares, graças à realização do programa de privatizações, o governo poderia receber 1.800 bilhões de rublos” (42 bilhões de euros), declarou o Sr. Chouvalov, citado pela agência Ita-Tass.

A lista apresentada hoje, que compreende as empresas consideradas estratégicas, deverá ainda ser assinada pelo presidente Dmitri Medvedev. Relativamente ao grupo Rosneft, o governo russo está pronto para vender 15% das ações nos próximos cinco anos e a perder seu controle após 2015. Para a sociedade das ferrovias russas, a RJD, Moscou pretende entre 2013 e 2015 vender no mercado 25% menos uma ação. No tocante ao Sterbank, pretende reduzir a participação do banco central russo (BCR) entre 2011 e 2014, indicou o Sr. Chouvalov, sem dar mais detalhes sobre o pacote de ações que será posto à venda. Por fim, o vice-primeiro ministro confirmou a vontade do governo de vender 10% dos ativos do banco VTB em 2010, de se separar ainda de um pacote de 10% em 2011, e de outra parte compreendida entre 10% e 15% em 2012.

No fim de julho, as autoridades russas haviam anunciado o estabelecimento de uma lista de empresas estatais ou semi-estatais que serão parcialmente postas à venda entre 2011 e 2013. Esta nova onda de privatizações, a maior depois dos anos 1990, tem por objetivo contribuir para a modernização do país e controlar seu déficit orçamentário.

* * *

Como se vê – comentamos –, através destas privatizações a Rússia pelo menos não se envergonha de implicitamente reconhecer que a estatização socialista levada a cabo durante 70 anos pelo regime comunista foi causadora da ruína econômica do país, nem de que a sua recuperação só é possível com o recurso à livre iniciativa e à propriedade privada.

Que o exemplo russo sirva de lição aos socialistas tupiniquins ainda aferrados às teorias marxistas desastrosas e obsoletas!

A responsabilidade da CNBB

No Capítulo II de seu importante livro Projeto de Constituição angustia o País ("Catolicismo", Edição Extra, outubro de 1987 - 210 páginas), o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira trata dos "Requisitos para a representatividade de uma eleição: democracia-com-idéias e democracia-sem-idéias".
Por oportunos, transcrevo abaixo os tópicos 4 e 5 do referido capítulo.
4. Formação das correntes de opinião na fase pré-eleitoral
A fase pré-eleitoral – na qual a opinião pública de países insuficientemente politizados começa a despertar um pouco de seu pesado letargo político – é entre nós a mais adequada para ela tomar conhecimento dos problemas coletivos. Nessa etapa, ela vota uma atenção algum tanto maior a esses problemas, os discute, e se divide em correntes ou tendências de opinião opostas, ou pelo menos diversas. Em conseqüência do que, nas épocas em que há eleições à vista, as circunstâncias se tornam mais favoráveis a que tais correntes ou tendências façam a propaganda de seus programas, e de seus candidatos, para efeito de obter o voto dos eleitores.
Mas – perguntará alguém – como alcançar que os problemas reais do Brasil venham à tona no debate pré-eleitoral, e que por eles se interesse a opinião pública, se bem que sejam freqüentemente complexos, profundos, e portanto áridos para o eleitor comum?
Já se aludiu anteriormente (cfr. Tópico 2 deste capítulo), à missão das grandes instituições sociais, em tal matéria. Convém tratar mais especialmente de duas delas.
5. Mais do que ninguém, a CNBB poderia contribuir para despertar o gosto dos temas sérios e profundos
Em primeiro lugar, cumpre ressaltar o papel de uma instituição de importância ímpar, ainda mesmo nos dias que correm, isto é, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).
Este organismo episcopal se vem utilizando do enorme prestígio – do qual gozou antes de eclodir a atual crise na Santa Igreja, e que, em certa medida, ainda conserva – para modelar a seu gosto a opinião pública, no tocante a determinados problemas sócio-econômicos de relevo. Entretanto, com isto tem ele relegado para segundo plano uma série de temas de primordial importância religiosa e moral no que diz respeito, não só ao bem comum espiritual, como ao bem comum temporal.
Essa inversão de valores é gravemente responsável pelo minguamento progressivo do prestígio da CNBB.
Fizesse ela cessar essa inversão, e reprimisse eficazmente tantas extravagâncias e abusos que, sob a ação da crise na Igreja, se tem alastrado no Brasil como alhures, e esse prestígio poderia voltar ao seu primeiro esplendor.
Esta terra “em tal maneira é graciosa que, querendo-a aproveitar, dar-se-á nela tudo”, escreveu Pero Vaz de Caminha a D. Manuel I, Rei de Portugal. Esta frase tão saborosa, alusiva ao solo brasileiro, poder-se-ia aplicar com mais veracidade ainda ao espírito nacional: “querendo-o aproveitar, dar-se-á nele tudo”, desde que nele se plante a semente inapreciável da verdadeira pregação evangélica, sem eiva de outras sementes incompatíveis com essa.
Não há o que a influência sobrenatural da Santa Igreja Católica não possa fazer para o bem, não só espiritual, como ainda intelectual e moral dos povos que para ela se abram.
Mais do que ninguém pode a Santa Igreja criar por esta via, no Brasil, as condições ambientais e psicológicas que dêem àqueles dos brasileiros que disto careçam, o gosto da observação, da análise e do debate de temas sérios e profundos, sobre os quais devem pronunciar-se no regime da democracia representativa.

Chávez, ETA e FARC


Em artigo publicado no Blog Regards latinos, do jornal francês “Le Figaro”, Patrick Bèle comenta que a presença na Venezuela desde 1989 de Arturo Cubillas, membro da organização terrorista espanhola ETA, está causando problemas no relacionamento da Espanha com a Venezuela. Cubillas pertencia ao Comando Oker da ETA, tendo sido extraditado para a Venezuela mediante entendimento do então primeiro-ministro socialista espanhol Felipe González com o presidente venezuelano Carlos Andrés Pérez, após fracassarem as conversações de paz do governo espanhol com a ETA

Suspeito de ter cometido três assassinatos na Espanha, Cubillas casou-se com uma venezuelana, cuja nacionalidade adotou. Hoje ele ocupa um importante cargo no Ministério da Agricultura: chefe de segurança do Instituto Nacional da Terra (INTI – o INCRA de lá), coordenando a expropriação das terras ditas improdutivas. Desde a ascensão de Chávez, em 1999, mais de 40 mil propriedades já foram expropriadas.

Cubillas voltou a chamar atenção há algumas semanas, quando dois membros do Comando Imanol da ETA, Xabier Atristain e Juan Carlos Besance, presos em setembro no País Basco, declararam às autoridades que participaram de um treinamento em manuseio de armas e explosivos na Venezuela, em julho e agosto de 2008.

Ambos afirmam que Arturo Cubillas lhes serviu de guia durante a estadia na Venezuela e os ajudaram a passar sem dificuldade pelas barreiras policiais. O treinamento deles se realizou na companhia de membros das FARC colombianas. A informação incomodou muito, não somente as autoridades venezuelanas, mas também o governo espanhol do socialista Zapatero, que vem sendo muito criticado pela direita de excessivamente tolerante em relação ao governo venezuelano.

Zapatero pediu à Venezuela para, num gesto de boa vontade, afastar Cubillas de suas atuais funções, mas Hugo Chávez se fez de desentendido. E pelo visto só para constar, Cubillas foi ouvido há uma semana por um juiz durante 15 minutos, desconhecendo-se o teor da audiência.

Cerca de 60 terroristas da ETA, a maioria deles supostamente aposentada, estão na Venezuela desde os anos 60. É mais do que provável que eles mantêm relações constantes com as FARC colombianas. Reiteradas vezes a Venezuela foi acusada de abrigar acampamentos da guerrilha. Os dois guerrilheiros presos na Espanha narraram suas “férias” nos acampamentos das FARC, onde intercambiaram experiências no manuseio de armas e explosivos. O caso Cubillas permite àqueles que acusam Caracas de ajudar as FARC e a ETA, de manter a atitude de suspeita em relação ao governo venezuelano.

sábado, 16 de outubro de 2010

Central nuclear russo-venezuelana gera preocupação

Em fins de 2009, bem próximo de nós, uma frota da marinha de guerra russa dotada com ogivas nucleares efetuou longas e vistosas manobras conjuntas com a Venezuela. Agora, em Moscou, Hugo Chávez acaba de assinar com o presidente Dimitri Medvedev um contrato para a construção de uma central nuclear em território venezuelano. “Com fins pacíficos”, afirmou Chávez após a assinatura, acrescentando que logo virão denúncias de que a Venezuela está se armando para ameaçar outros países.

“Excusatio non petita, accusatio manifesta” – Na escusa não pedida está manifesta a acusação... É só pensar nas reiteradas ameaças feitas por Chávez à Colômbia quando do bombardeio ao acampamento de Raúl Reyes, inclusive com deslocamentos de tropas para junto da fronteira do país vizinho; ou aos bolivianos, quando estes ameaçavam depor Evo Morales; ou ainda em relação a Honduras, que resistiu heróica e vitoriosamente a Chávez e aos seus comparsas para não se transformar em outro protetorado bolivariano.

Isso para não falar da intromissão de Chávez na política interna dos demais países, como a Bolívia, o México e o Peru. A mais recente delas foi sua ostensiva e entusiasmada propaganda da candidata petista Dilma Roussef, prenhe de elogios à “companheira”.

O acordo nuclear com a Rússia não pode deixar de causar preocupação, sobretudo tendo-se em vista o estreito alinhamento do governo venezuelano com o regime terrorista iraniano, e o de ambos com o brasileiro.

Tal cenário foi certamente o que levou Philip Crowley, porta-voz do Departamento de Estado americano, a declarar que os EUA vigiarão “muito de perto” este acordo, esperando que tanto a Rússia como a Venezuela “assumam as obrigações internacionais” que o uso dessa tecnologia acarreta.

“É uma declaração insolente. Nosso país tem o direito de desenvolver como qualquer país do mundo a energia nuclear como energia alternativa, como energia do futuro para uso pacífico”, reagiu o chanceler venezuelano Nicolas Maduro falando à televisão estatal VTV de Belarius, o destino seguinte de Chávez depois de Moscou.

Que todo país civilizado tenha direito a desenvolver tecnologia nuclear com fins pacíficos, ninguém o nega. A questão é quando ela é posta nas mãos de ditadores cujos atos e intenções são do conhecimento de todos.
“Submundo religioso”

O presidente Lula voltou a ofender os católicos ao dizer em São Miguel Paulista que o “submundo religioso” tem promovido incessantes ataques a Dilma Roussef.

Ora, tais ataques – sempre baseados em declarações feitas pela própria candidata – provieram de bispos, sacerdotes e fiéis católicos, bem como de membros de outras religiões. E não se cingiram nem foram feitos principalmente contra a candidata, mas contra as ameaças contidas no PNDH-3, que o atual governo quer impingir ao Brasil.

Com que autoridade vem o senhor presidente – que numa de suas incessantes viagens foi procurar os serviços de um feiticeiro de país africano para “fechar o corpo” – colocar no “submundo religioso” prelados, sacerdotes e fiéis católicos? Será pelo fato de eles se oporem ao seu programa de implantação de um regime comunista no Brasil através do PNDH-3?

E Lula ainda vem falar de “submundo religioso” ao lado de quem? Nada menos do Pe. Júlio Lancelotti, sacerdote de esquerda que prestigiando o evento com outros religiosos também discursou e afirmou que a presença dos religiosos era para “afastar o demônio da calúnia e da mentira”. – Talvez o mesmo demônio que há poucos anos o levou a ser afastado da direção de uma instituição por estar salpicado de escândalos com jovens carentes que lhe extorquiam dinheiro como condição para não dizerem o que se passaria entre eles. Naquela ocasião, Lula saiu em sua defesa. Naturalmente porque o Pe. Lancelotti não faz parte do “submundo religioso”...

Com essa declaração – a exemplo do acontece com Hugo Chávez e demais líderes da corrente bolivariana – fica claro que também para Lula a religião só faz sentido se estiver a serviço dos seus desígnios.


sexta-feira, 15 de outubro de 2010

“Atestado de Bons Antecedentes”

Universalmente conhecido, o Atestado de Bons Antecedentes é conferido pela autoridade policial competente àqueles que dele necessitam para diversos fins, e no qual a referida autoridade atesta nada constar nos seus registros de contrário à vida ilibada do solicitante.

Eis, contudo, um inusitado “Atestado” que me caiu nas mãos, através do qual o ex-terrorista e prócer da Teologia da Libertação frei Beto, amigo de Fidel Castro e defensor do regime cubano, dá fé dos bons antecedentes da ex-terrorista e candidata petista à Presidência da República, Dilma Roussef.

A veracidade de suas afirmações conferirá por certo com a dos Atestados que os chefes dos sovietes previstos no PNDH-3 darão aos seus “companheiros” em caso de necessidade. Em todo caso, de posse do mesmo, Dilma poderá talvez até lê-lo nas entrevistas e nos comícios, tanto mais quanto ele procede de um religioso...

Mas pasmem, pois além de chamar a atenção dos bispos que ousam criticar a Dilma por ser abortista, frei Beto – com o mesmo desembaraço com o qual a candidata imagina enganar a opinião pública desdizendo-se de afirmações anteriores – escreve que tais acusações provêm de uma “campanha difamatória – diria, terrorista”!

Ainda no afã de tentar inocentar Dilma, agora da pecha de “marxista atéia”, frei Beto diz que ela nunca o foi porque na prisão “participava de orações e comentários do Evangelho”. Teria sido preciso ele dizer quais eram essas orações e qual o teor dos comentários. Se não era o Pai Nosso blasfemo que ele andou publicando nos jornais e se os comentários não incluíam, por exemplo, a blasfêmia tão repetida pela esquerda, de que Jesus Cristo foi o primeiro comunista.

Mas o ateísmo já não é mais apanágio do comunismo de hoje. Ele o deixou para uso de alguns neoliberais que simpatizam com sua doutrina... O new-look do comunismo reproduziu-o José Dirceu quando afirmou ter ouvido de Fidel Castro que se este tivesse conhecido a Teologia da Libertação há mais tempo, a Revolução Cubana não teria incidido em tantos erros. Com isso Fidel quis significar que agir com a pecha de católico – como o fazem os adeptos da TL – é muitíssimo mais eficaz para a causa comunista que na condição de ateu. – Que o diga o próprio frei Beto.

P.S.: Como frei Beto é partidário do miserabilismo cubano, estou certo de que não me chamará de terrorista se lhe retiro um dos tês do apelido, por ser supérfluo. E sugiro à Folha a fazer o mesmo.

Folha de S. Paulo, domingo, 10 de outubro de 2010

Dilma e a fé cristã
Frei Betto
Conheço Dilma Rousseff desde criança. Éramos vizinhos na rua Major Lopes, em BH. Anos depois, nos encontramos no presídio Tiradentes, em São Paulo. Ex-aluna de colégio religioso, dirigido por freiras de Sion, Dilma, no cárcere, participava de orações e comentários do Evangelho. Nada tinha de “marxista ateia”.

Em 2003, deu-se meu terceiro encontro com Dilma, nos dois anos em que participei do governo Lula. Posso assegurar que não passa de campanha difamatória — diria, terrorista — acusar Dilma Rousseff de “abortista” ou contrária aos princípios evangélicos.
Se um ou outro bispo critica Dilma, há que se lembrar que, por ser bispo, ninguém é dono da verdade. Nem tem o direito de julgar o foro íntimo do próximo. Dilma, como Lula, é pessoa de fé cristã, formada na Igreja Católica.

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Brasil, Terra da Santa Cruz

“Águas são muitas; infindas. E em tal maneira [esta terra] é graciosa que, querendo-a aproveitar, dar-se-á nela tudo, por bem das águas que tem. Porém o melhor fruto, que dela se pode tirar parece-me que será salvar esta gente. E esta deve ser a principal semente que Vossa Alteza em ela deve lançar”.

As inspiradas palavras de Pero Vaz de Caminha ao rei Dom Manuel sobre a nova descoberta da coroa portuguesa constituem uma demonstração da vocação providencial do Brasil. E chamavam a atenção para o principal trabalho a ser feito: “salvar esta gente”. Neste intuito, apenas aportada, o primeiro ato da expedição cabralina foi mandar celebrar a Santa Missa.

A coroa portuguesa assim agiu porque estava imbuída da noção, ensinada pelo Divino Mestre, de que importa procurar em primeiro lugar o reino de Deus e sua justiça, pois tudo mais nos será dado por acréscimo. E, pelas mil vicissitudes pelas quais desde então passou o Brasil, esta inspiração primeira nunca deixou de nortear – em grau maior ou menor – os rumos da Nação.

Mas eis que, de uns tempos para cá – com os holofotes da mídia nacional e internacional assestados permanentemente sobre quem o diz, atribuindo-lhe uma popularidade que o povo desconhece – se vem falando com jactância e insistência que “nunca antes neste País” se opera uma mudança sem precedentes nos últimos 500 anos. Ao mesmo tempo, vizinhos nossos da Venezuela, Equador e Bolívia também falam com análoga insistência de uma enigmática refundação de seus países.

Refundar – o próprio verbo o indica – é tornar a fundar algo previamente fundado. Ora, tanto o Brasil como as nossas simpáticas nações vizinhas já o foram quando de suas respectivas descobertas e colonizações. Mas como elas se deram sob o signo da Cruz, tratar-se-ia pelo visto de fazer cessar a influência da religião para substituí-la por outra.

A chave dessa refundação estaria delineada no PNDH-3, cuja radicalidade, abrangência e animadversão religiosa o levaram ao extremo de proibir a ostentação de símbolos cristãos (no que ele é coerente com declarações dos presidentes dos mencionados países vizinhos, que não se pejam em afirmar que a Igreja Católica não deve ter lugar ao sol).

Muito além, portanto, do aborto, do “casamento” homossexual, da legalização da prostituição ou dos atentados ao direito de propriedade – para só citar estas aberrações contidas no PNDH-3 –, é toda a concepção cristã da sociedade que se quer extinguir, para substituí-la por outra que só pode ser a da fracassada sociedade atéia e igualitária do comunismo!

Mas artifício ou poder algum da terra poderá contra Aquele que esculpiu a Cruz no nosso céu. E que do alto do Corcovado nos abençoa e protege – desdenhoso para com as sombras com que o foco da ignomínia tenta inutilmente neste instante empanar Sua glória inatingível e imortal!