Chaveropapismo
Se o leitor estiver tendo a paciência de ler este artigo no dia 21 de julho de 2010, não deixe de rezar uma jaculatória pelo cardeal-arcebispo de Caracas, D. Jorge Urosa Savino, que talvez nesse mesmo momento esteja dando explicações à Assembléia Nacional de seu país sobre “por que condena o socialismo do século XXI” de Hugo Chávez.
Se o leitor estiver tendo a paciência de ler este artigo no dia 21 de julho de 2010, não deixe de rezar uma jaculatória pelo cardeal-arcebispo de Caracas, D. Jorge Urosa Savino, que talvez nesse mesmo momento esteja dando explicações à Assembléia Nacional de seu país sobre “por que condena o socialismo do século XXI” de Hugo Chávez.
Sua convocação partiu do majoritário Partido Socialista Unido da Venezuela. Mas o jornal espanhol “El País” (20/6/2010) informa que o governo venezuelano não estaria contente com o comparecimento do prelado apenas ao Congresso; Hugo Chávez o exortou a dar explicações também ao Tribunal Supremo de Justiça.
Quais são os “crimes” imputados ao cardeal?
Ter declarado em Roma que o presidente Chávez “passa por cima da Constituição” e pretende conduzir o país “pelo caminho do socialismo marxista, que é totalitário e conduz a uma ditadura”. Ele também é acusado de participação no golpe que derrubou Chávez durante 48 horas em 2002 (desse tipo de golpe que não dá em nada e que a gente fica com séria desconfiança de ter sido promovido pelo próprio governo para depois este sentir-se livre para incriminar quem quer que se lhe oponha).
No dia 5 de julho, durante a cerimônia de comemoração dos 199 anos da Independência, Hugo Chávez – na presença do Núncio Apostólico, Mons. Pietro Parolini –, após referir-se ao Arcebispo de Caracas dizendo que “este senhor Urosa é indigno de chamar-se cardeal”, repetiu várias vezes que ele era um “troglodita”. Dirigindo-se depois ao Núncio, vociferou: “Mande uma mensagem a Sua Santidade: enquanto mandarem estes bispos aqui, lamentavelmente nos sentiremos bem afastados da hierarquia da Igreja católica”.
Chávez – que declarou recentemente não reconhecer o Papa como embaixador de Jesus Cristo, pois, segundo ele, tal embaixador é o povo – num delírio chaveropapista queixou-se ainda do fato de o Sumo Pontífice não tomar em consideração sua opinião sobre quem nomear para cardeal e para bispo: “Mandei dizer ao Papa que eu tinha meu candidato, que é um senhor que deveria ser supercardeal porque o merece”, referindo-se a D. Mario Moronta, bispo de San Cristóbal. Este último, entretanto, apesar de suas posições progressistas, repreendeu o presidente pelas suas palavras e se solidarizou com o Arcebispo de Caracas.
Este é o país onde há "excesso de democracia”!
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