domingo, 27 de março de 2011

Le Père Comblin est allé à sa fin

(Para o Padre Comblin chegou o fim)

Sentado, faleceu ontem aos 88 anos, em Salvador (BA), o Pe. Joseph Comblin, um dos próceres da Teologia da Libertação.

Tendo aportado no Brasil em 1958 (ano da morte do Papa Pio XII), na jovem idade de 35 anos, ele se tornaria tristemente famoso uma década depois quando, professor do Instituto Teológico de Recife sob a égide de Dom Hélder Câmara e embalado pelos novos ventos do Concílio, deu a lume o incendiário “Documento Comblin”.

Em tal documento, vazado na imprensa, o sacerdote belga propugnava para o Brasil uma ditadura comunista alavancada pelas famigeradas reformas agrária e urbana, para cujo êxito ele previa o desmantelamento das forças armadas, a distribuição de armas ao povo, a criação de tribunais de exceção para julgar os recalcitrantes, além de uma série de outras medidas radicais.

Esse escandaloso documento deu ensejo ao Prof. Plinio Corrêa de Oliveira de lançar uma das mais memoráveis campanhas da Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, Família e Propriedade (TFP). Em mensagem dirigida à S. S. o Papa Paulo VI – e subscrita por 1.600.368 brasileiros de todos os quadrantes e condições sociais –, a entidade solicitava ao Pontífice a adoção de medidas vigorosas e eficazes para fazer cessar a influência comunista nos meios católicos. Um dos slogans bradados então pelos seus jovens cooperadores era: “Veneramos o clero, mas não queremos padres subversivos!”.

Apesar do reconhecido espaço concedido aos leigos na nova era conciliar, não o tiveram esses incontáveis brasileiros; nem sequer na mala diplomática – considerada “pequena” – para fazer chegar ao Vaticano seu angustiado clamor. Entregue finalmente em Roma por outros condutos, apesar da grande repercussão nacional e internacional que teve, a petição caiu no vazio. Enquanto isso a subversão continuou a grassar impunemente, enchendo os ambientes católicos, sobretudo seminários e sacristias.

Umas das alegrias do Pe. Comblin foi certamente a da fundação numa dessas sacristias – no Colégio Sion de São Paulo, mais precisamente –, do Partido dos Trabalhadores, e sua posterior irradiação, sempre com o decisivo concurso eclesiástico, rumo à conquista do Planalto.

Tal concurso reconheceu-o com todas as letras o ex-presidente Lula, na entrevista que concedeu em 9 maio de 2010 ao jornalista Luis Cebrián, diretor-fundador do jornal socialista espanhol “El País”. Disse ele: “O PT não teria existido sem a ajuda de milhares de padres e comunidades cristãs do Brasil, ele deve muito ao trabalho da Igreja, à Teologia da Libertação, aos sacerdotes progressistas. Tudo isso contribuiu para a minha formação política, para a construção do PT e para a minha chegada ao poder. Minha relação com a Igreja católica foi e continua sendo muito forte...”

Se sentado o Pe. Comblin morreu e de algum modo triunfou, de outro lado se pode dizer que durante 53 anos longos anos ele “esperou sentado”... o triunfo de sua revolução. Pois a ela e aos seus próceres o Brasil católico, sensato e ordeiro disse – e continuará a dizer alto e bom som: “Não!”.

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