terça-feira, 12 de abril de 2011

A Bolívia em chamas

A mídia brasileira é de fato curiosa. Faz pouco tempo, num evento internacional, Evo Morales foi sua vedete preferida. Mas agora, quando a Bolívia está deitando labaredas por todos os lados, em decorrência de greves e outras manifestações contrárias ao governo, nosso público está quase ou totalmente desinformado.

É bem verdade que as atuais manifestações poderiam e deveriam ter maior transcendência. Entretanto, muitas delas se relacionam com as necessidades da vida de todos os dias, sem as quais tampouco se faz transcendência...

Com efeito, o que está sobretudo em jogo é uma queda de braço pelo aumento dos salários, com o governo oferecendo até 10%, enquanto os opositores exigem pelo menos 15%.

Todas essas agitações fizeram com que o conhecido jornal socialista espanhol “El País” (12/04/2011) estampasse uma matéria intitulada “A Bolívia vive o maior número de protestos nos últimos 41 anos”.

– O leitor sabia disso?

A notícia inicia-se assim: “O presidente da Bolívia, Evo Morales, vive hoje, do outro lado da cena, o pesadelo dos conflitos sociais, dos quais foi um dos principais protagonistas a partir dos sindicatos cocaleiros, nos primeiros cinco anos da década passada. O que ele ignorava é que não somente iria provar de seu próprio remédio, mas que teria de suportar o maior número de expressões de descontentamento registrado em 41 anos”.

E para mostrar a extensão dos protestos, o jornal informa que de acordo com o Centro de Estudos da Realidade Econômica e Social (CERES), de Cochabamba, em 2010 ocorreram 811 conflitos sociais (greves, protestos de rua, fechamento de estradas ou de vias e rebeliões nas prisões), com uma média mensal de 67 conflitos! E que no primeiro trimestre de 2011 já se produziram outros 240, em comparação com os 207 havidos no mesmo período do ano passado.

– Será que nem o suculento espólio da Petrobrás, consentido prazerosamente por Lula, nem os petrodólares venezuelanos bastarão para tirar do apuro o “companheiro” bolivariano?

Seja como for, ao leitor brasileiro não estão sendo sonegadas tais informações?

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