terça-feira, 7 de julho de 2009

A questão hondurenha:
David x Golias

Helio Dias Viana

Os acontecimentos de Honduras são simples e de fácil compreensão. Eles foram, contudo, totalmente distorcidos.

Como em todo país civilizado, existe ali uma Constituição, a qual entre outras coisas prevê que o mandato presidencial é único, proíbe a reeleição e declara automaticamente destituído de suas funções e sujeito às penalidades da lei quem agir em sentido contrário.

Ora, Manuel Zelaya, presidente de turno em fim de mandato, movido por nefasta influência que de algum tempo a esta parte recebe do ditador venezuelano Hugo Chávez, se julgou como este superior à lei e decidiu desobedecer à Constituição. Convocou para isso um plebiscito que lhe possibilitasse apresentar-se novamente como candidato, apesar de ter sido advertido dessa impossibilidade pelos poderes competentes.

Mas ele não se deteve. Animado por Chávez e outros componentes da esquerda latino-americana, Zelaya obteve da Venezuela inclusive as urnas e as cédulas a serem utilizadas no plebiscito. Só não consta se foram enviados também os computadores com os resultados já pré-estabelecidos... como, segundo se suspeita, pode ter acontecido na Bolívia e no Equador, onde consultas análogas foram feitas, com êxito para a esquerda.

Estava assim caracterizado o golpe; branco, é verdade, mas golpe. As autoridades constituídas dos poderes Legislativo e Judiciário não fizeram senão declarar Zelaya destituído de seu cargo e sujeito às penalidades previstas por violação da norma constitucional, tendo ele em seguida sido expulso do país pelo Exército, que julgou sua presença nociva para a tranqüilidade pública. Não podendo “embarcar” em novo mandato através das urnas da Venezuela, Zelaya ao menos teve a consolação de embarcar para seu exílio forçado num avião daquele país.

Crescia entrementes a pressão contra Honduras. Pois a esquerda internacional, mestra na arte de dissimular, seguidora meticulosa do preceito de Voltaire “menti, menti, alguma coisa sempre ficará”, julgou urgente dar dos fatos a versão que lhe convinha. Tanto mais quanto ela percebia que a punição imposta a Zelaya a comprometia como um todo e abria perigoso precedente. Atirou-se então à faina.

Assim, de golpista Zelaya se transformou em vítima e, com raras exceções, toda a tuba publicitária mundial se pôs a noticiar com furibunda indignação o “Golpe de Estado de Honduras”.

A partir daí, diversos Chefes de Estado – vários dos quais complacentes com as piores ditaduras de esquerda – se puseram a recriminar em uníssono a destituição de Zelaya. O Presidente do Brasil, por exemplo, não se envergonhou de fazê-lo da Líbia, onde se encontrava ao lado do “democrata” Gadafi, e pouco depois de ter condenado com veemência a oposição iraniana a Ahmadinejad...

Por sua vez, a ONU e a OEA – a primeira tão inoperante quanto desmoralizada, com padrão de grandeza restrito ao número de seus membros e tamanho de suas instalações, e a segunda alvo constante dos ataques de membros da ALBA – se tomaram repentinamente de um brio que não demonstram em relação aos regimes de esquerda e, quais novos Golias, lançaram contra Honduras uma “cruzada sem cruz”.

Foi assim que, do alto da presidência da ONU, onde certas forças misteriosamente o alçaram, Miguel D’Escoto, padre apóstata da “Teologia da Libertação” e ex-chanceler da Nicarágua sandinista, fustigou contra Honduras seu anátema, recebido como dogma por aquela Assembléia laica, cuja “Homilia com a versão dos fatos segundo a Mídia” foi lida pelo acólito ad hoc Manuel Zelaya.

De fato, com essa missão, o secretário-geral da OEA desempenhou o papel de embaixador da ALBA, pois ele perseguia precisamente o que desejavam Hugo Chávez e seus cúmplices: a manutenção de Zelaya no poder, com a posibilidade de vir a transformar Honduras em satélite da Venezuela e de Cuba. Tendo malogrado na sua tentativa, Insulza decidiu a expulsão Honduras da OEA. Mas chegou tarde, pois aquela já se havia destacado da organização que readmitiu Cuba.

Enquanto isso, na Nicarágua, foi montado um teatro de operações para o qual se transladou Zelaya, a fim de, juntamente com Ortega, Chávez e Rafael Correa, exercerem maior pressão contra Honduras. Não adiantou.

Tal novo David, Honduras prevaleceu, pelo menos até o momento. Mas cumpre que ela não abaixe a guarda e se compenetre cada vez mais de que sua luta é contra um velho inimigo, polimórfico e insidioso: o comunismo internacional, ressurgido na América Latina sob a forma de bolivarianismo, com ramificações no mundo islâmico e forte respaldo na “Teologia da Libertação”.


3 comentários:

Anônimo disse...

Para verificar o quanto a midia é esquerdista, trabalha para pôr a esquerda no poder, como também malignamente tendenciosa, basta ver como se posiciona na questão Honduras. É de estarrecer: a midia faz intensa "pregação" a favor da esquerda, sem a mínima vergonha de mentir frente aos fatos mais evidentes.

Unknown disse...

Muito lucida a analise. Quem sabe a reconquista da America Latina cristã comece pela pequenina Honduras...
Que a Virgen de Guadalupe nos ouça.

davi disse...

É muito engraçado, enquanto os EUA se aliam com lixos como Arábia Saudita e Paquistão, que tratam a parte feminina da população como escravas, em nome da pretensa "Guerra contra o Terrorismo", o presidente Obama condena o "golpe" em Honduras com uma veemência impressionamente! E agora querem matar os hondurenhos de fome, isolando o país! Enquanto isso aceitam de volta a ditadura assassina de Fidel Castro, que matou 19.000 opositores, à OEA! O que os EUA ganham com isso? Será que, se estivessem no poder os Republicanos, veríamos o Império falando ao lado da corja "bolivariana" de Chávez & Cia.? Francamente, a reação hipócrita do governo Obama faz-me pensar que talvez o Partido Democrata tenha ligações com o famigerado Foro de São Paulo, ou então que eles tenham medo de que regimes corruptos submissos ao poder imperial norte-americano (como o desgoverno Mulla) sejam removidos do poder... E olha que os governos norte-americanos apoiaram movimentos como a Revolução de 1964, que tirou do poder um presidente inepto e frouxo - sendo que a "Política dos Direitos Humanos" do democrata Jimmy Carter representou uma traição às Forças Armadas brasileiras, tanto que creio que dificilmente eles buscariam apoio na Casa Grande do continente americano, caso eles procedecem com uma segunda Revolução que destituísse os imorais e botasse um pouco de ordem nesse país caótico! Francamente, a hipocrisia da mídia e do Sistema internacional é enojante!

Pelo menos o chavismo tem coerência: vai apoiar tudo o que for de esquerda pois os regimes dominados por esses senhores submeterão-se ao poder subversivo venezuelano, que consegue ser pior que o poder explorador do neoliberalismo ianque...