sábado, 9 de fevereiro de 2008

Negociando mandamentos?

Sim, esta é a impressão que causa, de uma lado a nova arremetida do governo Lula contra a propriedade privada, ao anunciar para janeiro e fevereiro de 2008 um número de desapropriações maior do que em todo o ano de 2007, e de outro, o fato de a CNBB, após ter centrado em anos anteriores sua Campanha da Fraternidade em temas sociais ou neutros – por exemplo a água –, ter finalmente decidido entrar na campanha contra o aborto.

Como se sabe, a propriedade privada é de direito natural, pois é através dela que o homem desenvolve as suas potencialidades e provê ao futuro próprio e ao de sua família. Além de ter sido ensinada por muitos Papas em documentos oficiais, ela é assegurada por dois mandamentos da Lei de Deus: “Não furtar” (7º.) e “Não cobiçar as coisas alheias” (10º). A ela se opõe a propriedade coletiva ou socialista, que impede o homem de se expandir, ao concentrar tudo nas mãos do Estado. Quanto à vida humana, ela é assegurada pelo 5º mandamento: “Não matar”.

Sendo a Igreja Católica a guardiã da moral e, portanto, da fiel observância dos mandamentos, incumbe por dever aos Bispos e ao Clero se opor tanto à Reforma Agrária socialista e confiscatória quanto ao aborto, uma vez que ambos colidem frontalmente com os referidos mandamentos.

Entretanto, como o Brasil inteiro sabe, ao mesmo tempo em que a quase totalidade do Episcopado e do Clero até há pouco se omitia no combate ostensivo ao aborto, era e continua a ser a partir de organismos e elementos ligados à Hierarquia (CPT, CIMI, MST) que se faz praticamente toda a agitação agrária no Brasil. E portanto esta mega-ofensiva acenada pelo presidente Lula para janeiro e fevereiro não pode ser levada a cabo sem o concurso de ditos organismos e elementos.

Diante disso, a gente se pergunta se além da pressão da opinião pública contra o aborto, que teria levado a Hierarquia a rever sua posição, se não teria também havido algum acordo entre o Governo e o Episcopado por onde o primeiro cedesse no tocante ao 5º. mandamento (continuando embora a destruir a família através da imoralidade, de anticoncepcionais, preservativos etc.), deixando o segundo, em contrapartida, via livre com força total no referente aos atropelos ao 7º. e ao 10º mandamentos.

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