terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

Sai do mercado o “produto” Fidel Castro

No andar térreo de um derruído e mal iluminado sobrado no centro de Havana, um funcionário do Estado retira, de uma prateleira empoeirada e semi-vazia, o único frasco que restava de certo medicamento agora proscrito, jogando-o com desdém numa lata velha de lixo. Em seu rótulo estava impresso: Fidel Castro.

Após 49 anos nas prateleiras não só de Cuba, mas dos mercados internacionais, trombeteado nas ondas da Rádio Moscou e congêneres, afagado em jornais e televisões de plutocratas, divulgado nos mais variados países por atilados agentes, solicitado pela intelligentsia de uma ideologia tornada bolorenta, sorvido qual precioso elixir por “teólogos da libertação”, nada disso demoveu a multinacional farmacêutica Ruscubachina de retirar de circulação aquele rebarbativo “produto”.

Motivo: além da ausência de procura pelos consumidores internos de Cuba, onde foi lançado, apareceu no mercado venezuelano um genérico mais eficiente, tendo ficado ainda provado que o produto estava causando depressão e envelhecimento precoce em seus usuários.

* * *

Essa metáfora espelha a trajetória do ditador cubano, cujo avançado estado de depauperamento físico e mental não lhe oferecia outra saída senão a de abdicar, em benefício do delfim seu irmão, àquilo de que jamais ele abriria mão, não fosse a morte iminente que o aguarda, seguida de um terrível juízo.

Neste sentido, apesar de afirmar a máxima comunista segundo a qual “a religião é o ópio do povo”, Fidel Castro chegou certa feita a declarar que acreditava na existência do inferno, que seu calor era insuportável, e que lá ele iria fazer companhia a Marx, Engels e a inúmeros “companheiros” de jornada revolucionária.
Ao lado de ser um líder revolucionário, Fidel Castro foi um grande ator adrede preparado pela propaganda comunista. Esta cuidou de modo especial de seu perfil – barba, charuto à boca e boné na cabeça –, fazendo em seguida incidir sobre ele, bem como sobre sua revolução, os possantes holofotes da mídia, numa bem orquestrada ofensiva financiada pelos cofres de Moscou e de macro-capitalistas.

Filho de ricos fazendeiros e ex-aluno jesuíta, para se impor Fidel Castro teve de enganar o povo cubano, apresentando-se como católico. Para isso chegou inclusive a pendurar medalhinha no pescoço, ostentando-a por cima da camisa. Sabia que, se tal não fizesse, teria insucesso. Depois começou propriamente sua revolução: perseguições à Igreja e aos adversários do regime, instituição do famoso paredón, e sobretudo aquilo sem o qual nenhum regime comunista se consolida: uma draconiana Reforma Agrária.

Mas, como não poderia deixar de ser, o regime comunista só gerou miséria, tanto moral como material, uma vez que a instituição da família ficou à mercê das leis libertinas decorrentes de sua ideologia, e a iniciativa particular cessou de existir. Com isso, tanto por ocasião do estabelecimento do regime comunista como ao longo das cinco décadas em que ele teve vigência, incontáveis foram as pessoas de todas as idades e condições sociais que, com risco da própria vida, saíram da Ilha outrora conhecida como a Pérola das Antilhas.

A revolução cubana conseguiu ser expansionista enquanto a então União Soviética a manteve de pé. Pois era através desta e dos macro-capitalistas que ajudavam a sustentá-la, que Cuba recebia o dinheiro e material bélico para tentar sublevar, com os falsos ideais comunistas, as populações da América Latina e da África. Mas mesmo assim, nunca obteve resultados expressivos. Antes pelo contrário. Che Guevara, por exemplo, foi morto na Bolívia pelo fato de ter sido denunciado pelos próprios camponeses que ele afirmava querer “libertar”.

Com o desmoronamento, em 1990, da União Soviética, Cuba ficou reduzida a quase um ente de razão. Sua subsistência até o presente se deveu tão-só ao fato de que, para a causa mundial do comunismo, era indispensável que em algum lugar do mundo permanecesse, como ponto de referência para seus desconcertados adeptos, alguma ilha no Ocidente onde aquele regime continuasse a existir.

Muito antes, portanto, da agonia de Fidel Castro, seu regime já estava com os dias contados. No sentido de que Cuba não era mais a ponta-de-lança da revolução comunista no continente latino-americano, mas se tornara uma mera peça ornamental colocada na vitrine de plástico comunista para servir de alento a desiludidos partidários.

* * *

Após o governo “kerenskyano” de Fernando Henrique Cardoso, as condições da opinião pública brasileira felizmente não permitiram – diferentemente do ocorrido na Rússia – que houvesse no Brasil o advento de um Lenine que Lula fazia pressagiar. Foi mister buscá-lo alhures, com algumas adaptações, pois líderes revolucionários também estão entre as espécies em extinção.

Parece que o encontraram na pessoa de Hugo Chávez. Seu modo de ser, somado à conseqüente forma de pensar e de agir, hauridos da ideologia proletária do comunismo, como ainda o recente arsenal comprado da Rússia, o tornam lídimo herdeiro de Fidel Castro. Com uma pitada de Lenine, proveniente da riqueza que lhe proporciona o petróleo.

Ao abdicar em favor do delfim seu irmão – para a esquerda, a coisa mais natural do mundo – Fidel não fez senão atender, pela primeira e última vez, ao clamor da miserável população que, a exemplo do filme “Tropa de Elite”, exclamou: “Pede para sair, revolução malograda!”

2 comentários:

Anônimo disse...

“Fidel Castro chegou certa feita a declarar que acreditava na existência do inferno, que seu calor era insuportável, e que lá ele iria fazer companhia a
Marx, Engels e a inúmeros “companheiros” de jornada revolucionária”.

Lendo esse trecho de seu artigo, aliás, esplendido artigo, sobre o barbudo do caribe — que agora pede aposentadoria para ir tirar férias em Miami... —, fiquei realmente espantado com tal declaração, própria a um precito.
Uma declaração tão espantosa que fui pesquisar na internet para ver se a encontrava. Ela foi publicada na revista "Paris Match", em sua edição de 29 de outubro de 1994, durante entrevista a Jean Luc Mano, diretor de informaçoes de uma rede de televisao francesa. Aqui a transcrevo para os leitores de seu Blog:

"Eu irei para o inferno, e sei que o calor ali será insuportável... E lá chegando, encontrarei Marx, Engels, Lênin. E também encontrarei você, porque os capitalistas também vao para o inferno, sobretudo se desejam gozar a vida".

Realmente Fidel, ex-aluno jesuíta, nao esqueceu esta verdade de fé, ele tem certeza na existência do inferno.
Que o povo cubano, por fim, acorde de seu letargo que já dura meio século!!!
Um abraço
Paulo

Dante Ignacchitti disse...

SOCIALISMO -ESQUERDISMO-COMUNISMO: ANÁLISE FINAL
O Socialismo, Esquerdismo ou Comunismo são a mais suja, hedionda e cruel forma de perverter as naturais relações sociais e econômicas entre os homens e destruir a individualidade das pessoas; são invenção de homens com graves deformações de personalidade, conduta ou de visão do mundo.
São sistemas mantidos, desde seus princípios, por homens avessos ao trabalho regular, à rotina laboral, à hierarquia natural entre os seres humanos, estabelecida pela própria Natureza; seus criadores e seguidores são pessoas capazes de matar toda uma geração, a título de um pretenso bem-estar para as gerações futuras; são homens que nunca criaram valores morais ou empregos, ou produziram bens ou serviços para seus semelhantes; são pessoas frias, que consideram as demais simples “massas” a serem moldadas de acordo com o que pensam e decidiram ser melhor para a humanidade; são deformidades humanas que devem ser combatidas sem tréguas, permanentemente, como devem ser combatidos os vermes, as bactérias, os vírus e todos os vetores de doenças infecto-contagiosas e malignas.
Porque essa é a mesma visão que eles têm de nós; são inimigos irreconciliáveis da Família, do Trabalho, da Propriedade privada licitamente constituída, da Fé, da Esperança e da Paz; a felicidade humana, para eles, é sempre no futuro distante, quando todas as pessoas tiverem suas individualidades destruídas e se transformarem naquilo que eles pensam que devem ser: AS MASSAS. Quando as pessoas se transformarem em MASSAS, aí sim, eles estarão realizados.