Os transcendentais do ser – o Belo, o Bom e o Verdadeiro – de acordo com São Tomás de Aquino, são elementos universais, presentes de algum modo em tudo quanto existe.
Por disposição do Criador, as coisas criadas são belas, boas e verdadeiras, obedecendo a uma misteriosa e maravilhosa estética universal, que cumpre ao homem, com sua natureza racional, compreender e admirar. Quanto às criações humanas, “netas de Deus” na expressão de Dante, é plenamente desejável que mantenham tais padrões. Na medida de suas proporções, contribuem para que a existência terrena seja bem ordenada, conduzindo-nos ao nosso fim último.
Compreendeu-o bem o homem medieval, ao erguer lindas catedrais góticas para o culto divino, ou belos edifícios civis compatíveis com a alta dignidade das funções de Estado. Ou ainda, mais recentemente, o povo alemão em relação à música, ao dedicar sua magnífica Ópera de Frankfurt a esses transcendentais, esculpidos em seu frontispício granítico: “Dem Wahren - Schoenen - Guten” – Ao Verdadeiro, ao Belo, ao Bom.
Se o cenário adequado para se render culto a Deus são as belas catedrais ou igrejas, e para o homem bem exercer funções de Estado, edifícios cujos ambientes o elevem à altura da dignidade correspondente; se para a música são as belas edificações como a da citada ópera, ou teatros como os municipais do Rio, São Paulo ou Manaus, assim também para a moda: os locais próprios à sua exibição deveriam possuir uma dignidade proporcionada à daqueles a quem ela vai servir de moldura – os homens, criados à imagem e semelhança de Deus.
Não foi, contudo, o que se deu há pouco em São Paulo. Os promotores de um desfile de modas, badalado e extravagante, escolheram para cenário as margens mal-cheirosas e lamacentas do Rio Tietê, em cujas águas são despejados diariamente mais de três bilhões de litros de esgoto! Para entrar, os manequins deviam revestir-se de capas plásticas, máscaras e luvas, além de assinar um termo de responsabilidade!
Loucura de uns poucos? Não! Embora os promotores alegassem motivação ambientalistas, nolens volens deram mais um passo numa bem calculada marcha que empurra gradualmente o mundo para o caos; uma marcha de civilizados que abandonam a civilização rumo à taba.
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